Nesta página estarão uma compilação dos extras, cenas cortadas, contos e outros bônus extras ou conteúdo especial dentro da série, lançado juntamente com Os Artifícios das Trevas ou pela própria Cassandra Clare.
Nota: O texto adicionado aqui pertence a Cassandra Clare, e seus editores para algumas histórias, retiradas do domínio público. Eles são copiados e traduzidos na íntegra e não devem ser revisados de forma alguma.
Dama da Meia-Noite[]
Church e Clary[]
- fonte: Cassandra Clare no Tumblr
"Olá? Aqui é Clary Fairchild."
"Clary? Sou eu, Emma."
"Oh, Emma, oi! Eu não tenho notícias suas há anos. Minha mãe disse obrigado pelas flores do casamento, a propósito. Ela queria mandar uma nota, mas Luke levou-a em uma lua de mel para o Taiti."
"Tahiti parece bom."
"Provavelmente é — Jace, o que você está fazendo com essa coisa? Não tem como isso servir."
"Este é um momento ruim?"
"O quê? Não! Jace está tentando arrastar um trabuco para a sala de treinamento. Alec, pare de ajudá-lo."
"O que é um trabuco?"
"É uma enorme catapulta."
"Para que eles vão usá-lo?"
"Eu não tenho ideia. Alec, você está permitindo! Você é um facilitador!"
"Talvez seja um momento ruim."
"Duvido que terá um melhor. Tem alguma coisa errada? Existe alguma coisa que eu possa fazer?"
"Eu acho que nós estamos com o seu gato."
"O quê?"
"Seu gato. Persa Azul grande e peludo? Sempre parece irritado? Julian diz que é o seu gato. Ele diz que viu no Instituto de Nova York. Bem, o vio. É um gato menino."
"Church? Você está com Church? Mas eu pensei — bem, nós sabíamos que ele tinha ido embora. Nós pensamos que o Irmão Zachariah o levou. Isabelle estava irritada, mas eles pareciam se conhecer. Eu nunca vi Church realmente gostar de alguém assim."
"Eu não sei se ele gosta de alguém aqui. Ele mordeu Julian duas vezes. Oh, espere. Julian diz que ele gosta de Ty. Ele está dormindo na cama de Ty."
"Como você terminou com ele?"
"Alguém tocou a campainha da porta da frente. Diana, ela é nossa tutora, desceu para ver o que era. Church estava em uma gaiola no degrau da frente com uma nota amarrada a ele. Dizia Para Emma. Este é Church, um amigo de longa data dos Carstairs, cuide desse gato e ele cuidará de você. —J.
"Irmão Zachariah te deixou um gato."
"Mas eu nem o conheço de verdade. E ele não é mais um Irmão do Silêncio".
"Você pode não conhecê-lo, mas ele claramente conhece você."
"O que você acha que o J representa?"
"Seu nome real. Olhe, Emma, se ele quer que você fique com Church, e você quer Church, você deve ficar com ele."
"Tem certeza? Os Lightwood —"
"Ambos estão de pé aqui balançando a cabeça. Bem, Alec está parcialmente preso sob um trabuco, mas ele parece estar acenando."
"Jules diz que gostaríamos de mantê-lo. Nós costumávamos ter um gato chamado Oscar, mas ele morreu, e, bem, Church parece ser bom para os pesadelos de Ty."
"Oh, querida. Eu acho que, na verdade, ele é o gato do Irmão Zachariah. E se ele quer que você o tenha, então você deveria."
"Por que o Irmão Zachariah quer me proteger? É como se ele me conhecesse, mas não sei por que ele me conhece."
"Eu não sei exatamente... Mas eu conheço Tessa. Ela é sua — bem, namorada parece não ser a palavra certa para isso. Eles se conhecem há muito, muito tempo. Eu tenho a sensação de que ambos estão cuidando de você."
"Isso é bom. Tenho a sensação de que precisaremos disso."
"Emma — oh meu Deus. O trabuco acabou de cair no chão. Eu tenho que ir. Ligue para mim mais tarde."
"Mas podemos ficar com o gato?"
"Você pode ficar com o gato."
Uma Longa Conversa[]
Uma Longa Conversa é uma história curta incluída nas primeiras edições de Dama da Meia-Noite e foi lançado mais tarde como uma história eletrônica separada, abordando uma festa com a presença de personagens de Os Instrumentos Mortais mencionados e vinculados a eventos em DMN, permitindo que os leitores verifiquem como estão os personagens de TMI.
Cena não editada da praia[]
- fonte: Idris BR; Cassandra Clare no Tumblr
Emma rolou sobre suas costas e encarou Julian acima e o céu atrás dele. Ela podia ver milhões de estrelas. Ele sentia calafrios, sua camiseta preta e seu jeans colados contra o corpo, seu rosto mais branco que a lua.
— Emma? — ele sussurrou.
— Eu tive que tentar.
— Você não tinha que tentar sozinha! — Sua voz parecia ecoar fora da água. Seus punhos estavam fechados do seu lado. — Qual é o ponto em sermos parabatai se você sai e se arrisca sem mim?
— Eu não quis colocar você em perigo.
— Eu quase me afoguei dentro do Instituto! Eu tossi água! Água que você respirou!
Emma olhou para ele em choque. Ela começou a se ajeitar e se apoiar em seus ombros. Seu cabelo, denso e molhado, descia por suas costas como um peso. — Eu não sabia.
— Como você não sabia? — Sua voz parecia explodir para fora de seu corpo. — Nós estamos conectados, Emma, conectados – Eu respiro quando você respira, eu sangro quando você sangra, eu sou seu e você é minha, você sempre foi minha, e eu sempre, sempre, pertenci a você! — Ela nunca havia ouvido ele falar algo como aquilo, nunca ouvira ele falar desse jeito, nunca vira ele tão perto de perder o controle.
— Eu não quis te machucar — Ela disse. Ela começou a sentar, buscado por ele. Ele pegou o pulso dela.
— Você está brincando? — Mesmo na escuridão, seus olhos azuis-esverdeado tinham cor. — Isso é uma piada pra você, Emma? Você não entende? Eu não vivo se você morrer! — A voz dele desceu para um sussurro. — Eu nem iria querer, mesmo se eu pudesse.
— Eu também não iria querer viver sem você. — Os olhos dela buscaram o rosto dele. — Jules, me desculpe, Jules.
O rosto dele se contorceu. A parede que normalmente escondia a verdade fundo em seu olhar havia desmoronado; ela podia ver o panico faminto ali, o desespero, o alívio que havia se forçado através das defesas dele.
Ele ainda segurava firmemente o pulso dela. Ela não soube se ela se inclinou até ele primeiro, ou se ele a puxou pra si. Talvez os dois. Eles se chocaram, forte, como duas estrelas colidindo e então ele a beijou.
Jules. Beijando ela. O choque foi tudo que ela sentiu a princípio, sua boca fria contra a dela, e então ela saboreou ele, sob a água salgada, sabor de açúcar e cravo, e foi como se alguém tivesse apertado um interruptor dentro dela e todas as luzes se acenderam.
— Emma. — Ele murmurou contra seus lábios, sem afastar sua boca da dela. Eles estavam apertados juntos, molhados e frios e quentes e queimando tudo ao mesmo tempo. Ele se inclinou para ela, beijando forte, febrilmente, as mãos dele se enterrando na massa de cabelos molhados dela. O peso dele a deitou na areia.
Ela se agarrou aos ombros dele, pensou no momento desorientada quando ele a puxou da água, o momento em que ela não sabia direito quem ele era. Ele era maior e mais forte do que ela se lembrava, mais do que ela havia se deixado notar, embora o beijo queimasse essas memórias do garoto que ele fora.
Isso não era como algo que já tivesse acontecido a ela. Seus lábios partiram e sua cabeça foi para trás. Julian escorregou uma mão sob sua cabeça, seus dedos brincavam na nuca dela, embalando ela enquanto sua lingua acariciava o interior da boca dela como um arco num violino, torcendo faíscas dolorosas de seus nervos.
Então era assim que isso devia ser, como beijar deveria ser, como tudo isso deveria ser. Isso.
Seu corpo todo estava tremendo. Ela pertava ele, seus ombros suas laterais, os dedos dela afundavam na pele dele, trazendo-o para mais perto dela. Ele arquejou em sua boca quando ela se esticou para segurar a bainha da camiseta molhada e encharcada dele e a trouxe a cabeça dele. Os olhos dele eram felinos, queimando na escuridão, quentes de desejo. — Emma, Deus. — Ele disse em uma voz abafada, e então ele estava recolhendo ela sob ele novamente, pressionando-a contra seu corpo como se pudessem se apertar um no outro, fundindo-se em uma pessoa.
A mãos dele arranharam até as costas da camiseta dela, e ela puxou para trás o suficiente para deixá-lo ajudá-la a escorregar para fora. E então estavam se beijando novamente, mais fortemente agora que poadiam sentir a pele nua um do outro. Ela não conseguia parar de tocá-lo, suas mãos dançando costas abaixo e por seu peitoral, sentindo os altos e baixos dos músculos e os ossos da espinha dele.
E ele estava tocando ela também. Ela olhou para baixo em descrença do que estava acontecendo, que esse era Julian tocando-a, o Julian dela. Os longos dedos dele acariciando a curva de seus seios, afangando suas costas, desastrado contra o fecho do sutiã até que finalmente ele se abriu e escorregou dos ombros dela. Ela encolheu os ombros até que caísse no chão.
O Suitã caiu na areia molhada e eles se olharam. As pupilas dele se dilataram, escurendo seus olhos para a cor do oceano durante a noite. Os olhos dele pareciam devorá-la, e ela por sua vez olhava para ele: Ele era maravilhoso sob a luz da lua, livre e claro e musculoso, e quando isso havia acontecido?
— Você é tão linda, — ele disse. — Tão linda, Emma.
Ela abriu os braços, e ele foi de encontro a ela. Seus seios se apertaram contra o tórax dele conforme ele a segurava, as mãos dele acariciavam para cima e para baixo as costas dela. Lentamente, ele a abaixou para a areia – ele se esticou e agarrou sua camiseta, sem tirar sua boca da dela, e a esticou debaixo, repousando a cabeça dela. Ela emitiu um som macio – algo sobre a ternura do gesto, uma clara e doce chama de gentileza cortando por entre a força vertiginosa do desejo dos dois, a fez querer chorar.
— Jules — ela sussurrou. De alguma forma ela havia chutado seu jeans molhado para fora sem tê-lo soltado, e a areia ralou levemente suas pernas nuas. Ela separou os joelhos, fazendo de seu corpo um berço para ele se apoiar contra. Ele beijou seu caminho abaixo pelo pescoço, seu hálito quente na pele dela. Amarrando suas mãos nos cachos molhados dele, ela encarou em êxtase o céu estrelado sobre eles, rodando com as estrelas, brilhantes e frias, e pensar que isso não poderia estar acontecendo, pessoas não conseguiam as coisas que queriam dessa forma.
Ele alcançou para se desprender de seu próprio jeans e ela o ajudou o quanto pode. Areia arranhou seus ombros quando ela se moveu. Com qualquer outro ela poderia ter se incomodado com isso, mas não havia espaço na cabeça dela para mais nada além de Julian. Ela o encarou: Ele estava apoiado em um braço, seu cabelo ensopado grudado na testa em ondas escuras. Luz da lua brilhava entre seus cílios, cada um tão longo e escuro quanto o percorrer de um traço de caneta. Cicatrizes pálidas e brancas formavam estrelas em seus ombros nús. Ele era mais belo que a imensidão do céu.
Ele jogou o jeans para longe e subiu de volta para o corpo dela, escorregando suas mãos sobre ela para pôr as mãos em concha em volta de suas omoplatas. Ele beijou sua clavícula e o meio de seus seios. Ela arqueou o quadril. Ele estava duramente contra sua coxa, e quando seus corpos se encaixaram ele soltou um som, um gemido, como se algo dentro dele houvesse quebrado.
— Você quer parar? — Ela congelou
— Nunca, nunca. — Os olhos dele estavam entreabertos. — Você... isso é...?"
— Sim — ela sussurrou. — Sim.
Os cílios dele tremeram contra suas bochechas. — Eu não posso, — Ele disse, baixo, sincero. — E não consigo. — E a boca dele encontrou a dela, desajeitado, inexperiente. Ela beijou o folego para fora dele, para fora dos dois, até que ele estivesse se movendo contra ela, sem descanso e incontrolado. O resto das roupas foram descartas. A pele dele era quente contra a dela, como se estivesse febril. Ela ouviu ele sussurrar seu nome.
Haviam apenas moléculas de ar entre os dois, e então Emma se moveu para prender as pernas ao redor da cintura dele. Julian arquejou e seu corpo se moveu instintivamente e então não havia nada entre os dois pois ele estava dentro dela.
Eles congelaram, olhando um ao outro, sem se mover. Os dentes de Julian estavam enterrados em seu lábio inferior. Seu rosto estava corado, seus olhos brilhantes. Ele parecia chocado e maravilhado, e sobrecarregado e desesperado.
— Emma, Deus, Emma, eu... — Ele engasgou, e então suas palavras se tornaram sons inarticulados conforme seu corpo se movia contra o dela.
Emma se segurou nos ombros dele, apertado, e seu corpo estava se movendo também, ela não poderia parar, mas ela também estava olhando, e ela nunca havia feito isso de olhos abertos antes. Ela havia sempre fechado os olhos, mas isso estava diferente, esse era Julian. Não Jules, não seu doce garoto Jules, esse era outro alguém, alguém que fazia sons ásperos de êxtase e enterrava sua cabeça nos cabelos dela e segurava seu corpo forte o suficiente para deixar marcas. Ela esperava que durassem por dias. Pois ela estava tentando decorar ele, decorar o jeito que ele estava em cima dela, com estrelas em sua silhueta, cabelo na testa e olhos semicerrados, as linhas de preocupação que estavam sempre próximas de sua boca amaciadas por prazer, mas ela não conseguia.
Ela não conseguia segurar nada disso em sua mente. A concentração dela estava despedaçada, ela não conseguia se segurar nisso, pensamentos disparavam em sua cabeça como gotículas do oceano se dissolvendo no ar. Relâmpagos subiam e desciam suas veias e ela estava agarrada às costas de Julian, arquejando, tentando conseguir ar o bastante, tentando colocá-lo perto e mais perto e então o mundo explodia em brilhantes fragmentos, um caleidoscópio quebrado, e ela finalmente, finalmente, fechou seu olhos e deixou cores que ela nunca antes havia visto colorirem o interior de suas pálpebras. Como se fosse longe, ela escutou Julian bradar, sentiu ele cair sobre ela, beijar seu ombro e encaixar o rosto em seu pescoço.
O coração dele ainda estava disparado, martelando contra o dela. Ela o amava tanto, que parecia que seu peito estava aberto.
Ela quis lhe dizer isso, mas as palavras se prenderam em sua garganta. — Você é pesado — ela sussurrou então, no cabelo dele.
Ele riu e rolou para o lado, puxou-a com força contra ele. Ela relaxou na curva quente do seu corpo. Ele estendeu a mão, pegou sua camisa de flanela e a abriu sobre eles. Não era muito, mas Emma se aconchegou sob ela, rindo , e ele beijou seu rosto, quase bêbado, salpicando beijos em todo o rosto, a ponte de seu nariz, o queixo.
Ela deitou a cabeça contra o braço dele. Ela nunca se sentiu tão feliz. Ele tinha parado de beijar seu rosto e estava olhando para ela, a cabeça apoiada em uma das mãos. Ele parecia atordoado, os olhos azul-esverdeados semicerrados. Seus dedos traçaram círculos lentos em seu ombro nu.
Ela pensou, eu te amo, Julian Blackthorn. Eu te amo mais do que a luz das estrelas.
O ar estava frio, mas ela estava quente aqui, neste pequeno círculo com Julian, escondido pelos afloramentos de rocha, envoltos na camisa de flanela que cheirava a ele. Sua mão era suave em seu cabelo. — Shh. Vai dormir.
Ela fechou os olhos.
Queima de Estrelas[]
- fonte: Idris BR; Cassandra Clare no Tumblr
- Uma pequena história sobre o primeiro beijo/primeira vez de Kieran e Mark. Acontece antes de Dama da Meia-Noite. Considerado cânone, segundo Cassandra Clare.
À noite, eles dormiam juntos sob o cobertor de Kieran, feito de um material espesso que era sempre quente. Uma noite, eles pararam no topo de uma colina, em um lugar verde ao norte. Havia um monte de pedras coroando a colina, algo construído por mundanos há mil anos. Mark se apoiou na lateral e olhou para os campos verdes, prateados no escuro, o distante mar. O mar, em todos os lugares, ele pensou, era o mesmo, o mesmo mar que quebrava nas costas e no lugar que ele ainda considerava sua casa... — Dama da Meia-Noite
Do topo da Mynydd Mawr, se pode ver o Mar Irlandês. Em algum lugar do outro lado desse oceano, Mark pensou, estava o país onde ele cresceu, e mais além na Costa Oeste estava Los Angeles, onde seus irmãos e irmãs viviam.
O cume da montanha era coberto de grama verde rasteira, e a encosta era recoberta de seixos até embaixo, deixando a visão ainda mais verde — uma miscelânea de tons de verde marcada pelas linhas acinzentadas dos muros de pedras das fazendas. Lança do Vento, cavalo de Kieran, estava beliscando a grama na beira da montanha, enquanto a montaria de Mark tinha vagado para longe em busca de algo para se animar, o que Mark duvidava que fosse achar nesse canto tranqüilo dos Wales.
Nuvens corriam pelo céu, baixas e cinzas, prometendo um aguaceiro. Mark olhou para Kieran, que estava trabalhando em armar um abrigo para eles. Ele tinha amarrado duas capas — capas da Caçada Selvagem eram feitas de um duro material fibroso, impermeável à chuva — sobre uma parte semi-caída da lápide de pedras.
Mark o observou enquanto ele espalhava outra capa por dentro das pedras, sobre a grama e o monte de terra. Seus gestos eram típicos de fadas: econômicos e graciosos. Na cinzenta luz da chuva, sua pele parecia diáfana e prateada, sobressaindo os finos ossos da face, das mãos. Quando ele piscava, seus cílios preto-azulados espalhavam luz.
Assim como as de Mark, suas roupas eram quentes e surradas; havia buracos em sua camisa de linho através dos quais Mark podia captar tentadores vislumbres de pele. Ele sentiu as bochechas ficarem quentes. Ele não sabia porque havia pensado nisso, ou porque estava olhando para Kieran dessa maneira: Kieran era seu amigo, isso era tudo. E um tipo esquisito e imprevisível de amigo, para ser sincero. Ele era frequentemente lembrado que o status de Kieran como príncipe da corte fazia a vida dos dois na Caçada mais fácil — se ele estivesse sozinho, não seria permitido a ele se separar do grupo principal e acampar nessa colina à noite. Seria requerido que ele ficasse na relva com o restante da Caçada e os duendes, piskies e seres sem nomes locais. Mas o desejo de Kieran por privacidade foi respeitado, tanto quanto a Caçada respeita qualquer coisa. Kieran era mal-humorado, apesar disso, seu temperamento mudava tão frequentemente quanto a cor de seus cabelos. Ele era como a água que sua mãe nixie vivia — por vezes doce e generosa, outras dura e tempestuosa. Não que Mark o culpasse por ser infeliz na Caçada, pois Kieran não tinha deixado uma família amorosa para trás como Mark.
— Vem pra cá — Kieran esticou a mão pra fora. — Ou você pretende ficar ensopado com a chuva?
— Eu não me importaria com um banho. A pele de Mark tinha acabado de receber os primeiros pingos de chuva.
— Você já está limpo o suficiente — Kieran disse: Mark supôs que fosse verdade; eles dois se banharam no lago Cwellyn mais cedo naquele dia. Mark amava observar Kieran nadando; dava pra ver a fada-aquática em seu sangue pela forma como ele se movia debaixo da superfície, rápido e suave como uma lontra, ou como emergia para sacudir gotas prateadas de seus cabelos.
O céu caiu sobre eles, e Mark correu para se jogar no pequeno abrigo, sob o tapete de capas. Era um espaço maior do que ele esperava, e Kieran tinha acendido uma pequena fogueira na extremidade do pequeno retângulo. A fumaça subia por uma fenda nas rochas. Mark podia sentir a umidade da terra através do cobertor, mas as capas mantiveram a chuva do lado de fora.
— Eu acho que aqui já foi uma pira — disse Kieran olhando em volta. — Onde eles enterravam os mortos.
Mark deu de ombros. Kieran lhe deu um olhar curioso. Fadas achavam a morte algo estranho, porque apenas acontecia quando elas tinham centenas de anos de idade. Morte em batalha era diferente: respeitável e não enfadonha. Elas não tinham um conceito de "mórbido".
Mark se deitou de costas no cobertor e cruzou as mãos sobre a barriga. Ele podia sentir sua pulsação acima do estômago, logo abaixo das costelas. Era um sentimento que ele associava a fome, mas Kieran e ele haviam comido mais cedo naquele dia, e havia pão na sacola de Lança do Vento.
— Você está bem?
No escuro, os olhos de Kieran eram ambos prateados, a luz refletindo neles como espelhos. Seu cabelo estava embaraçado, na altura do queixo; ele mesmo cortou usando lascas de um espelho, não muito tempo atrás. Mark ansiou tocá-lo para sentir se era tão espesso e macio como aparentava.
Ele precisava parar de ter esses pensamentos em relação à Kieran. Ele já havia visto Kieran beijar tanto meninos quanto meninas nas festas, e às vezes fazia mais que beijar. Mas não era essa a questão. Kieran era um príncipe e Mark um mestiço de Caçador de Sombras. Até mesmo um príncipe na Caçada Selvagem iria olhar torto para alguém com sangue humano. Às vezes ele se perguntava se Kieran o via como uma espécie de mascote ou amuleto da sorte, alguém habilidoso e divertido de se ter por perto: ele frequentemente ria das manias humanas de Mark e como ele ficava intrigado — mesmo após tanto tempo — com os costumes das fadas.
Kieran deitou ao lado de Mark. Por um momento, eles respiraram em um silêncio compassado. Mas estava difícil para Mark descansar perto de Kieran; ele estava muito consciente do outro garoto, da sua temperatura corporal, sua presença, o leve roçar de seus cabelos nos ombros de Mark quando ele virava a cabeça. Ele se remexia desconfortável, um calor aumentando aos poucos em seu ventre.
— Você não vai conseguir ver as estrelas hoje a noite — Kieran falou. — As nuvens vão cobri-las.
Kieran sabia do estranho costume de Mark. Toda noite, enquanto ele pegava no sono, ele procurava as seis estrelas mais brilhante no céu e dava a elas os nomes de seus irmãos e irmãs: Helen, Julian, Tiberius, Livia, Drusilla, Octavian. Estrelas diferentes brilhavam em pontos e climas distintos; ele achava que jamais havia escolhido as mesmas seis estrelas duas vezes.
Estou aqui, vivo no mesmo mundo que vocês, minha família, ele poderia pensar, traçando linhas invisíveis entre as estrelas. Com o tempo passando para eles, às vezes ponderava se Tavvy já amarrava os sapatos sozinho agora, se a voz de Julian engrossou, se Livvy já dominara o sabre, Dru ainda ama luzes coloridas? Helen e Aline estavam felizes? Ele se lembrava de quando se conheceram na Itália, durante toda aquela confusão; quão delirante de amor Helen estava quando ela veio em casa pela primeira vez.
Mas havia outras coisas que nublavam seus pensamentos de vez em quando, memórias que aos poucos iam perdendo detalhes. A música que Ty gostava – era clássica, mas qual era mesmo sua peça favorita de Bach? Mark já soubera um dia. E talvez tenha mudado. Era Dru quem amava filmes ou Livvy? Julian pintava com tinta a óleo ou aquarela?
— Meu Mark — Kieran disse. Ele havia se ajeitado nos seus ombros e olhava para Mark de um ângulo estranho. — Diga-me o que te perturba.
Mark se arrepiou. Isso sempre acontecia quando Kieran o chamava desse jeito. Havia um toque de carinho que ele suspeitava que era apenas a forma de falar das fadas: Kieran estava identificando Mark como o seu amigo e não alguém com o mesmo nome. Fadas eram bem singulares em relação a nomes, de qualquer maneira, já que elas possuíam um nome que todos os chamavam e também seus verdadeiros nomes, que concedia poder sobre elas. Saber o verdadeiro nome de uma fada era algo íntimo e poderoso.
Mark colocou o braço atrás da cabeça. A chuva havia se intensificado: ele podia ouvir as gotas caindo sobre o material das capas acima deles. — Memórias me perturbam — ele respondeu. — E imaginar se minha família se esquecerá de mim.
Kieran traçou um dedo pelo peito de Mark, parando sobre seu coração. Mark quase parou de respirar. Não significava nada, ele lembrou a si mesmo. Fadas não tinham noção de espaço pessoal.
— Ninguém iria se esquecer de você — disse Kieran calmamente. — Você não esquece aqueles que ama. Eu me lembro do rosto da minha mãe ainda. E não existe coração mais amoroso do que o seu.
— E, no entanto, às vezes acho que seria melhor se eu esquecesse — disse Mark, em voz baixa. E tais pensamentos não vieram sem culpa. — Para eles, para mim. Nunca mais irei voltar.
— Ninguém pode saber o futuro — disse Kieran, sentando-se com uma força surpreendente. — O seu exlio pode acabar. A clemência vem em muitas formas — um rei mais generoso e gentil teria levado você para sua Corte há muito tempo. Se eu tivesse o poder que um príncipe deveria ter…
Mark mudou sua posição e se sentou, mas Kieran já tinha parado de falar. Sua mão era um punho cerrado em seu colo, e sua cabeça estava inclinada. Era incomum para ele falar do fato de que ele era um príncipe do mundo das Cortes, já que, como exilado, seu poder não existia ali.
— Kieran — Mark começou, mas ficou claro que Kieran ficou angustiado, e isso foi incomum o suficiente para parar Mark. Ele raramente viu Kieran mostrar raiva ou tristeza, especialmente depois de seus primeiros dias na Caçada; ele permaneceu controlado, não mostrando nada aos outros Caçadores.
— Deveríamos dormir — disse Kieran, depois de uma longa pausa. — Nós devemos levantar cedo amanhã se quisermos encontrar os outros.
Mark se deitou de costas, e Kieran ficou ao lado dele, de costas para ele. Mark curvou-se e ficou o mais próximo de Kieran que conseguiu — eles tinham dormido juntos assim em inúmeras noites, compartilhando o calor de seus corpos. Mas Mark ficou chateado com a angústia de Kieran e não queria acrescentar mais nada pressionando atenção que ele poderia não querer. Mark se preparou para se colocar o quão perto de Kieran podia sem tocá-lo, com um de seus braços sob sua cabeça, a outra mão esticada para descansar apenas um milímetro dos cabelos de Kieran. Ele não queria admitir que estava esperando que talvez, durante a noite, quem o vendo passasse pelo o espaço dentro do pequeno abrigo, os fios pudessem passar pelos dedos de Mark, em algo como uma carícia.
Mas ele fez.
As mãos de Mark estavam presas, e ele estava gritando. Os Crepusculares estavam diante dele, Sebastian Morgenstern na liderança: um mar escarlate, cobrindo o mundo em sangue. Sua família estava diante de Sebastian, de joelhos — Helen e Julian, Ty e Livvy, Dru e Tavvy. Sebastian girou a Espada Mortal, cortando o peito de Julian. Seu irmão deslizou para o chão, e quando Mark viu sua expressão agonizante, um pedido em seus olhos — Ajude-me, Mark, ajude-me. — Mark. Mark! — Mark estava sentado ereto na escuridão, e havia mãos em seus ombros. — Mark, era um sonho, o glamour da mente, nada mais.
Mark ofegou no ar, aromatizado por chuva e sujeira. Não havia sangue, nem crepusculares, nem Sebastian. Ele estava no abrigo com Kieran, e havia chuva sobre eles. — Minha família —
Kieran empurrou o cabelo de Mark para trás com um cuidado que teria atordoado a Caçada. Mark se inclinou para receber a carícia sem pensar: ele estava ciente das mãos de Kieran, tão gentis contra sua pele. Como todas as fadas, Kieran não tinha calos; As pontas de seus dedos eram como asas macias. Mark inclinou-se para o toque, enquanto Kieran movia-se suavemente para acariciar seus ombros, com os dedos deslizando sobre os rasgos em sua camisa.
— Suas cicatrizes se curaram bem — disse Kieran; Alguns meses antes, Mark tinha sido chicoteado por membros da Caçada, irritados pelo governo dos Caçadores de Sombras.
Mark se afastou ligeiramente. — Mas elas ainda são feias —
— Nada em você é feio — disse Kieran, e por ele não poder mentir, Mark sabia que ele queria dizer isso. Seu coração parecia se contrair, enviando uma onda de sangue e calor por todo seu corpo.
Em todo o seu tempo na Caçada, havia apenas Kieran para dissipar seu desespero, transmutar sua tristeza, curar seu coração. Ele teria se inclinado para Kieran, sem saber exatamente o que ele queria dizer: não era o movimento rápido e elegante que ele queria que fosse; os lábios deles se juntaram calorosamente, e suas mãos subiram para acariciar os cabelos de Kieran, que era tão suave quanto sempre imaginava.
As mãos de Kieran apertaram fortemente os ombros de Mark — surpresa, aborrecimento, Mark não conseguiu adivinhar; ele estava muito horrorizado consigo mesmo. Ele se afastou de Kieran rapidamente.
— Desculpe — disse ele. — Me desculpe.
Kieran ergueu a mão para tocar a boca, colocando as pontas dos dedos contra os lábios. — Mas Mark —
Ele não terminou. Mark, queimando com humilhação, passou por ele. Derrubando as pedras na entrada do abrigo, ele mergulhou na tempestade.
A chuva era semelhante a agulhas caindo, levada para todos os lados pelo vento forte. Mark cambaleou um pouco, deslizando sobre a grama úmida fora do abrigo.
Ele se sentiu imediatamente tolo. O céu era uma névoa cinzenta e ele podia ver pouco ao redor dele: sujeira, grama verde, a sombra de Lança do Vento um pouco longe. O vento o arrepiou. E como ele encararia Kieran de novo? Ele era um Caçador de Sombras, deveria saber perfeitamente que fugir nunca resolveu nada.
Além disso, onde ele ia dormir?
Ele estava prestes a enfrentar o abrigo novamente, com humilhação ou sem humilhação, quando ouviu um gemido distante. Seu sangue esfriou. Seu cavalo. Era íngreme lá, instável com pedras e cascalhos, escorregadios agora com chuva. Seu cavalo poderia ter caído e estar caído no penhasco com uma perna quebrada.
Esquecendo seu próprio sofrimento pessoal por um momento, Mark caminhou até a beira do topo da montanha e olhou para baixo. Chuva e sombras. Um trovão atravessou o ar e ele pensou que ouviu outro gemido em seguida; caindo sob as mãos e joelhos, ele avançou por um caminho estreito que imaginava que era geralmente usado apenas por cabras.
Nada ainda. Ele fez uma pausa para recuperar o fôlego. Talvez se ele caísse da montanha, ele seria salvo do constrangimento de explicar a Kieran o motivo pelo qual o tinha beijado.
Ele levantou-se, pressionando-se contra o penhasco. Ele estava de pé em uma borda larga, com a névoa e o verde da península de Lleyn espalhados por baixo dele. A distância, ele podia ver a água do Afon Menai, agitada e cinza. A visão da água do mar sempre era dolorosa para ele, fazendo-o lembrar da visão do Instituto de Los Angeles.
A saudade de sua família veio em Mark selvagemente, junto com uma nova dor: E se ele havia afastado Kieran? Ele havia determinado muito tempo atrás que valeria a pena manter Kieran como um amigo mesmo que Mark não tivesse nenhum sentimento profundo por ele. Além de Gwyn, Kieran havia sido o único a lhe mostrar um pouco de gentileza na caçada, e Gwyn só poderia lhe ser gentil até o ponto em que outros caçadores não pensassem que existisse uma parcialidade injusta. Mas Kieran — Kieran havia segurado Mark após choros ou quando ferido. Havia lhe dado água e colocado cobertores sobre seus ombros. Havia separado porções de comida para ele. E mais do que qualquer um desses gestos, Kieran havia conversado com Mark e ouvido; uma pessoa não percebe quanto se perde quando ninguém fala com você como se você fosse uma pessoa com coisas dignas de se falar até que muito tempo tenha se passado até que o desespero se torna tão intenso que você começaria a conversar com pedras e árvores. Kieran havia devolvido a Mark sua humanidade por meio da graça do afeto comum, e agora Mark não sabia como poderia viver sem isso.
Ele poderia ir agora, ele decidiu, e se desculpar com Kieran. Isso seria a coisa certa a se fazer, a única coisa a se fazer, a única forma de salvar as coisas.
Ele escalou o caminho e escorregou na terra molhada, ele caiu e deslizou vários metros, chocando-se forte contra uma pedra. Em pé, ele limpou a lama de suas roupas e percebeu duas coisas: uma, que ele podia ver seu cavalo idiota, comendo grama a vários metros de distância, parecendo imperturbável com o tempo. A segunda era que Kieran estava a poucos metros dele: de alguma forma, ele voltou para o abrigo, embora ele não soubesse como.
— Mark! — disse Kieran. Sua voz soou rouca, provavelmente por causa do vento. Ele olhou com os olhos arregalados, os cabelos escuros recém-curtos e a cor profunda e negra que este se tornava quando ele estava chateado. — Mark, onde você estava?
— Eu fui procurar meu cavalo — disse Mark. — Quero dizer, ah, não de início. Eu fui porque — Ele suspirou, deixando as mãos caírem ao seu lado. — Desculpe, Kieran. Não pretendia fazer o que fiz.
— Você não pretendia fazer o quê?
Mark enxugou a chuva dos seus olhos. — Eu preferiria não dizer.
— Os seres humanos — disse Kieran, com surpreendente veemência. — Pensando que se eles não falam as palavras, eles podem desfazer o passado. Diga-me, Mark. Diga-me do que você se arrepende.
— Beijado você — disse Mark. — Se for algo que você não queria, então me arrependo.
Kieran ficou imóvel como uma estátua, olhando para ele. Ele já estava encharcado, suas roupas esticadas nele. — E se fosse algo que eu queria?
Mark ergueu a cabeça. As palavras eram como chamas individuais, iluminando faíscas incrédulas ao longo de suas terminações nervosas. — Então eu não me arrependo — ele disse com uma voz firme. — Então, é o melhor que aconteceu comigo desde que entrei na Caçada e os primeiros segundos em eu não sei quantos anos, que eu fiquei feliz.
As palavras pareceram eletrificar Kieran. Ele quase tropeçou chegando até Mark pelo caminho. Quando chegou até ele, ele puxou Mark para seus braços, seus dedos passando pelos cabelos molhado de Mark. — Por todos os deuses, Mark — ele disse com uma voz trêmula. — Como você pode não saber?
Mark não disse nada; ele estava surpreso demais. Kieran estava passando as mãos sobre o cabelo de Mark, o rosto dele, como se Mark fosse um tesouro que havia se perdido e então, quando toda a esperança desapareceu, retornou, e Kieran estava examinando para ver se ainda estava inteiro. — Você está bem — ele disse, finalmente, o tom da voz dele. — Você não está ferido.
— Claro — disse Mark, tão tranquilizador quanto podia.
Os olhos negros e prateados de Kieran brilhavam. — Quando você correu para a tempestade, pensei apenas em quão perigoso Mynydd Mawr é, quantos caíram para suas mortes aqui, e como caso alguma coisa acontecesse com você, Mark, como eu mesmo morreria. Você é insuportavelmente precioso para mim.
— Como amigo? — Mark disse, completamente atordoado. Kieran estava segurando-o, e tocava-o, meio frenético e meio adorando. Não era possível. Kieran não poderia se sentir assim por ele.
— Mark. — A voz de Kieran falhou. — Peço-lhe, pare de ser obtuso, ou eu também posso saltar da montanha.
— Mas — Mark protestou, e com um gemido, Kieran o beijou.
Desta vez, Mark deixou-se cair de cabeça no beijo, como se ele realmente estivesse caindo da montanha, no mar. Os lábios de Kieran sobre os dele eram firmes e doces e ele tinha gosto de fumaça e água da chuva. Ele soltou um gemido suave quando Mark separou seus próprios lábios e o calor onde suas bocas se encostavam fundidas pareceu multiplicar.
Mark nunca tinha beijado ninguém antes desta noite, não de verdade — houve toques furtivos rápidos nas rodas de dança durante as músicas, mas, em alguma parte de sua mente, ele tinha pensado estar guardando seu primeiro beijo. E ele estava feliz por isso, agora, porque ele estava tonto com o prazer doloroso do coração, a quase dor de uma fome desesperada que finalmente estava sendo saciada.
Foi Kieran quem se afastou primeiro, embora apenas uma distância suficiente para segurar o rosto de Mark em suas mãos e dizer com admiração: — Meu Mark. O coração do meu afeto. Como você não sabia?
— Você é um príncipe — disse Mark. — Eu sou — nada. Não sou nobre, nem membro das cortes, nem qualquer coisa. Mesmo agora, não posso acreditar que você realmente possa se importar comigo — no entanto — ele acrescentou, apressadamente, — Se o desejo por si só é o que você tem para oferecer, eu aceitarei.
— Eu desejo você — disse Kieran, e havia uma escuridão em seus olhos que fez Mark tremer. — Mas não é tudo o que sinto. Se fosse, eu teria feito algo sobre isso há muito tempo.
— Por que você não fez? — Mark disse. — Você poderia só ter me pedido — a qualquer hora ou momento. Sou eu que estou passando dos limites, não você.
Kieran balançou a cabeça. — Mark, você é um prisioneiro das fadas — ele disse, e havia um desespero em sua voz. — Nós o mantemos acorrentado à Caçada! Você teria tido motivos para me odiar e a todos os outros como eu. Eu não pude imaginar que você poderia sentir por mim uma sombra do que eu sinto por você.
— Não foi você que me acorrentou — disse Mark. — Foi a Clave, meu próprio povo, que me deixou aqui. Eu sei quem me traiu, Kieran; Eu conheço aqueles em quem eu não confio, e eles nunca usaram o seu rosto.
— Muitos não conseguiriam fazer esse julgamento — disse Kieran.
Mark roçou a parte de trás de seus dedos na bochecha de Kieran. O príncipe estremeceu. — Muitos me olhariam e veriam apenas um Caçador de Sombras e um agente da Paz Fria.
— Eu olho para você e vejo o firme companheiro de meus dias e noites — Kieran falou em um sussurro; seu cabelo preto azulado molhado colado em suas bochechas e pescoço. — Eu amaria você mesmo se você não me amasse: eu te amei desde que eu conheci você. Eu amei você todo esse tempo, acreditando que você nunca poderia me amar de volta. Te amei sem esperança ou expectativa.
Mark abaixou a mão para segurar a frente da camisa de Kieran. — Me ame, então — disse ele, com uma voz áspera. — Me mostre.
Uma chama escura acendeu nos olhos de Kieran; Ele colocou as mãos ao redor da parte de trás da cabeça de Mark e o manteve no lugar enquanto ele se inclinava para explorar sua boca completamente, fazendo Mark ofegar: ele sugou o lábio inferior de Mark, provocou os cantos de sua boca, atacou a boca de Mark com longos golpes de sua língua que fizeram com que Mark pressionasse o seu corpo impotente contra Kieran, querendo mais. Ele estava com a pele molhada de chuva e tremendo, mas não se importava. Ele não sentia nada além de Kieran e do calor de seu corpo e da sensualidade tortuosa de sua boca.
Foi Kieran quem os separou, finalmente, Kieran que pegou Mark pelo pulso e puxou-o de volta para o abrigo. Eles rastejaram sob o abrigo, onde o fogo queimou e agora era somente brasas cintilantes. Eles se ajoelharam na sujeira e se beijaram freneticamente, rasgando as roupas um do outro. O tecido úmido rasgou e foi descartado, e quando ambos estavam despidos, caíram de costas entre o emaranhado de capas e tecidos e se beijaram até que Mark estivesse bêbado com isso: beijos longos e lentos, como as águas negras das correntes da Terra Faerie que faziam os humanos esquecer. Eles não falaram, exceto uma vez:
— Você já fez? — Kieran perguntou, parcialmente nas sombras.
— Não. — disse Mark. — Com ninguém.
Kieran pausou, a mão esticada sobre o peito de Mark. Ele era lindo assim, à luz do fogo, pele pálida e cabelos escuros como um esboço de Michelangelo em caneta e tinta. — Na Caçada, nossos corpos nos trazem apenas dor — disse ele. — A agonia da fome e a dor do cansaço e dos chicotes. Deixe eu te mostrar agora o milagre que um corpo pode ser.
Mark assentiu e Kieran foi trabalhar com as suas mãos e sua boca. Ele estava sem pressa em sua intensidade; Mark não tinha percebido que alguma coisa poderia ser tão áspera e tão suave ao mesmo tempo. Kieran o tocou com tanto cuidado que ele imaginou que, onde as mãos de Kieran foram, uma estela passou com runas de cura, alisando suas cicatrizes, apagando a dor que se lembrava.
Ele atraiu o prazer do fundo do corpo de Mark, empurrando-o lentamente, como uma bandeira que se desenrolava. A respiração de Mark se tornou rápida e depois mais rápida. Ele foi tocar Kieran, querendo devolver algo do que estava recebendo, e foi quase desfeito pelo forte suspiro de prazer de Kieran. Com a sensação do corpo de Kieran sob as mãos: a pele lisa e fina como a seda, a angularidade dos ossos, a sua intensa sensibilidade, sensível ao toque mais leve de Mark. Ele já estava tremendo quando Mark acariciou seu corpo, lambeu e chupou sua pele: finalmente ele gritou e arrastou Mark para debaixo dele, se apoiando com os cotovelos sobre Mark.
Seus olhos estavam vidrados, sem foco: Mark sentiu uma sensação de orgulho intenso, que ele poderia fazer um Príncipe Faerie se sentir assim. O orgulho só durou um momento: Kieran sorriu imoralmente e balançou os quadris de uma maneira que atirou fogo nas veias de Mark e tudo desapareceu. Mark apertou Kieran: eles estavam pressionados peito a peito e coxa a coxa e quando o príncipe deslizou a mão entre seus corpos e começou a acariciá-los juntos, foi o prazer físico mais puro que Mark conheceu desde que se juntou à Caçada. Todo o resto foi levado para fora de sua mente, todas as complicações e todas as perdas se foram com a maravilhosa realização de que seu corpo era mais do que um instrumento que trazia dor ou duras privações. Era também capaz de maravilhas.
As mãos e os dedos de Kieran eram como fogo, fogo que causava uma alegria indescritível. Mark fechou os olhos, seu corpo se arqueou impotente para o do príncipe. Kieran também estava ofegante, seu corpo tremendo, e cada tremor trouxe mais fricção e mais prazer até Mark pensar que ele poderia morrer disso. Ele se arqueou para prender o rosto de Kieran entre suas mãos e o beijou, profundo e intenso, e o beijo pareceu acabar com a última resistência do príncipe: Kieran sentiu no mesmo momento que Mark, ambos tremendo e gemendo um nos braços um do outro.
Mais tarde, Mark não se lembraria do que tinha exclamado ou sussurrado naquele momento, mas ele não se esqueceria das palavras de Kieran, saindo dos lábios do príncipe quando ele se afundou no abraço de Mark, pois essa não seria a última vez que Mark as ouviria.
— Você nunca será nada para mim, Mark Blackthorn — disse Kieran. — Pois você é tudo que eu amo na terra e sob o céu.
Depois, eles se deitaram nos braços um do outro, Mark com a cabeça no ombro de Kieran, e Mark disse a Kieran que ele estava certo, que as estrelas não podiam ser vistas, mesmo através das lacunas na capa acima deles.
— Conte os brasões no fogo — disse Kieran, os dedos nos cabelos de Mark. — Dê a eles nomes que você considera valiosos.
E Mark fez, embora, no final, sua voz estivesse cheia de sono; ele se deixou levar, e pela primeira vez em muitos anos vagando, foi sem um último pensamento de tristeza ou de dor, mas apenas de amor, e como ofuscou as estrelas.
- Em Dama da Meia-Noite, é indicado que Kieran beijou Mark primeiro, aqui Mark acha que ele beijou Kieran primeiro. Não é tanto uma contradição como um comentário sobre a inconstância da memória. — Cassandra Clare
Cena deletada do Cameron[]
- fonte: Idris BR; Cassandra Clare no Tumblr
- Cassandra Clare: "Os personagens não parecem tanto eles mesmos para mim, e estou feliz por ter tirado — é explicado planamente as coisas que funcionaram muito melhor reveladas com mais cuidado — mas é bem interessante!"
Emma foi seguindo para a beira do mar. Foi quando ela o viu. A silhueta contra a água. Ela se perguntou quanto tempo ele estava parado lá, as mãos nos bolsos do jeans.
"Cam?", ela disse.
Cameron Ashdown caminhou na direção dela, a brisa do mar despenteando seu cabelo ruivo escuro. Ele sempre parecia com a figura perfeita de um garoto surfista da Califórnia, mesmo que a família Ashdown fosse escocesa, conforme ela lembrava. Seus ombros eram largos, seus olhos azuis, e tinha um tanto de sardas pelo nariz dele.
"Eu te mandei uma mensagem," ele disse. "Noite passada. E essa manhã."
"Eu sei." Ela colocou as mãos em seus quadris. Ela se sentiu levemente despida, não só por estar usando um top e uma calça de corrida, mas mais porque quando ela estava treinando, ela se sentia vulnerável. Ela não se importava de treinar com Cristina, Julian ou qualquer um dos Blackthorns, mas qualquer um do Conclave, mesmo Cam, era – diferente. "Mas nós terminamos, então –"
Ele soltou uma risada. "Clássica Emma," ele disse. "Você terminou comigo, então você não pretende nunca mais falar comigo?"
"Eu acho que é assim que funciona. Tecnicamente." Emma disse. "Se nós ainda tínhamos o que conversar, qual o ponto de terminar?"
Ele balançou sua cabeça. "E o pior é que você realmente está falando sério."
Ela esfregou as mãos pra cima e pra baixo em seus braços. A brisa do oceano gelou o suor no corpo dela, e tudo que ela queria era sair dali. "Cam, eu sinto muito. Eu não queria ferir seus sentimentos."
Ele olhou para o céu, como se estivesse esperando um suporte celestial. "Eu sou tão estupido," ele disse. "Essa é o que, a terceira vez? E eu pensei que seria diferente. Eu pensei porque você estaria sempre voltando se não gostasse de mim?"
"Eu gosto de você. Eu sempre gostei de você." E era verdade; ela sempre gostou de Cam – muitos membros do Conclave, como Paige, a irmã péssima de Cam, podiam ser terríveis sobre os Blackthorn e as conexões deles com as fadas. Mas Cam nunca foi. "Então porque terminou comigo?"
Emma colocou uma mecha do cabelo atrás de sua orelha. "Eu não sei." ela falou. "Eu acho que seguiu seu curso."
"Seguiu seu curso?" ele ecoou. "E o que isso significa?"
Ela se sentiu corar. "Que isso nunca foi para ser sério. Certo?"
Cam se moveu para perto dela. O sol estava bem alto, fazendo sombras na areia. Ele estendeu as mãos e ela o deixou pegar nos braços dela, seus dedos bronzeados e sardentos passando por toda extensão. "Emma," ele disse. "Você só tem um relacionamento sério e é com Julian Blackthorn."
"Ele é meu parabatai." ela disse. "Claro que é um relacionamento sério." Ela olhou para os olhos azuis dele, apertando os seus contra o sol crescente. "Porque você está aqui?" ela disse. "Eu não sei o que te falar para fazer diferente, além de que eu sinto muito. Isso ajuda?"
"Na verdade, não." ele disse. "Por isso estou aqui – toda vez que você me deu um fora, eu vim aqui, apenas para deixar registrado. Eu acho que se você vai terminar um relacionamento, você deve fazer pessoalmente."
"Você nunca veio –"
"Eu vim," ele repetiu. "Eu apenas sempre encontrei o Julian primeiro." Ele descruzou seus braços. "Você sabe, é estranho," disse ele. "Ele não é maior do que eu e eu nem acho que ele lute melhor."
Emma quis protestar, queria dizer que Julian poderia derrubar Cameron Ashdown com um arco, queria dizer que nem todo mundo tinha que andar por aí com músculos enormes e um pescoço gigante para provar que eram fortes. Ela viu Jules dobrar vigas de aço; Ele era tão forte quanto qualquer Caçador de Sombras precisava ser. Mas ela se conteve porque queria saber o que Cam ia dizer em seguida.
"Mas ele é muito convincente." disse Cameron. "Eu aparecia no Instituto e ele me pegava antes que eu chegasse até você. E de alguma forma eu me via saindo sem falar com você. Então eu esperava até que você me quisesse novamente pra se ter alguma diversão, companhia ou o que fosse. Você acha que eu não notei que você me ligou e perguntou se eu queria sair no dia seguinte à partida de Julian para a Inglaterra, e você me largou no dia anterior à volta dele?"
"Eu não sabia que você estava tão intimamente familiarizado com a agenda de viagens do Jules." Emma retrucou. "Talvez você devesse estar namorando com ele, se você se importa tanto onde ele está."
"Eu me importo porque você se importa." disse Cam. "Você sabe que estou certo."
"Eu sei que você está com ciúmes." disse Emma, e imediatamente se arrependeu.
"Sim, eu estou." disse Cam. "Com ciúmes do seu parabatai. Isso é um pouco estranho, não é? Quero dizer, ele deveria ser como um irmão para você. Protetor, talvez, mas o que você tem entre vocês – é diferente. Eu estive sozinho com você, e eu estive com você quando ele está por perto, e é como se você fosse uma pessoa totalmente diferente. Como se ele acendesse uma luz dentro de você. Eu pensei que talvez eu pudesse fazer você gostar de mim o suficiente para que eu pudesse acender essa luz em você, mas –" Ele parou, balançando a cabeça. "Eu não acho que alguém possa."
"Você é louco." ela disse. "Não é desse jeito."
"De qualquer forma, eu vim porque queria vê-la antes que Julian voltasse e me impedisse." ele disse. "É isso aí. Eu realmente não achei que poderia mudar sua cabeça."
A maré começara a encher; estava batendo em seus sapatos. "Eu realmente gostaria de fossemos amigos." disse Emma. "Com você."
A expressão que cruzou o belo rosto dele era ilegível. "Vamos ver." Ele se virou, e ela o viu ir, seus sapatos afundando na areia. Poucos passos depois, ele se virou para encará-la novamente. "Sobre Julian," ele disse.
Ela olhou para ele.
"Há algo frio nele." ele disse. "Algo assustador. Eu não acho que você veja, mas todo mundo vê."
Ela pensou em Julian, manchas de tinta em seu cabelo escuro; Julian pegando Tavvy e o balançando, Julian enfaixando os joelhos arranhados de Dru e sorrindo para Ty quando Ty era inteligente e aplaudindo Livvy quando ela aprendeu a usar um sabre. Julian, sorrindo para ela como o nascer do sol.
"Julian não é frio." ela disse ela, enfatizando cada palavra. "Nunca mais diga isso novamente."
O rosto dele endureceu. "Eu acho que vocês dois se merecem." ele disse, e se virou. Ela se recusou a vê-lo ir embora.
Cena deletada dos Ashdown[]
Emma descobriu as cavernas do mar quando tinha onze anos de idade. Ela estava na praia com seus pais quando as encontrou – grandes dedos de rocha cinza alcançando o oceano, e passando através deles, como túneis na pedra, estavam as cavernas. Estavam abertas para o oceano em ambas as extremidades e cheiravam deliciosamente, como água do mar, pedras molhadas e coisas sombrias e secretas.
Ela tinha treze anos quando ela e Julian declararam as cavernas do mar como o local oficial de seus encontros. Se alguma coisa acontecesse no Instituto – e ambos tiveram pesadelos sobre isso, desde o ataque durante a Guerra Maligna – eles se encontrariam nas cavernas.
Ela tinha quatorze anos quando mostrou as cavernas do mar pela primeira vez para Cameron Ashdown.
Os Ashdown vieram para Los Angeles após a Guerra Maligna, situando-se facilmente entre o pequeno Conclave dos Caçadores de Sombras que viviam na cidade. Embora todos os conclaves fossem pequenos agora, desde as mortes na guerra. A Clave estava fazendo tudo o que podia para rastrear todos os mundanos rebeldes que poderiam ter uma gota de sangue Nephilim, mesmo que sua família tivesse deixado os Caçadores de Sombras há gerações atrás. Ainda assim, seriam décadas antes que eles tivessem a força que já tiveram.
Cameron, seus pais e sua irmã mais nova, Paige, se mudaram para uma casa em Santa Monica e, assim que puderam, marcaram uma visita ao Instituto para decidir se Paige e Cameron iriam ter aulas com os Blackthorn ou se contratariam seu próprio tutor.
Diana estava lá para cumprimentá-los e mostrar as salas de treinamento, a biblioteca e a sala de aula. Emma estava na sala de treinamento, praticando esgrima com Livvy. Ela era mais alta e mais forte que Livvy, mas Livvy era muito rápida com seus pés, o que lhe dava vantagem com um sabre. Ty e Julian estavam assistindo: Ty estava torcendo por Livvy, e Jules por Emma, como se fosse uma partida real.
A porta se abriu, e Cameron e sua irmã entraram com Diana.
Emma parou seu ataque no meio, o que permitiu que Livvy atingisse, com o lado de sua espada, o ombro de Emma. "Emma!" Ela reclamou. "Você não está prestando atenção."
Mas Emma já estava empurrando sua máscara para trás, deixando o cabelo cair. Cameron Ashdown podia ter crescido em Idris, mas ele parecia o menino perfeito da Califórnia, com cabelo vermelho vivo, pele bronzeada, ombros largos e olhos cor de avelã. Seu nariz parecia ter sido quebrado antes, mas dava ao rosto uma assimetria encantadora.
Sua irmã Paige era uma pequena cópia dele, com cabelo vermelho curto e queixo pontudo. Ela fitou Emma com desagrado, talvez porque Emma estava olhando para seu irmão.
Emma vinha pensado ultimamente, cientificamente, sobre o fato de que ela tinha quatorze anos e ainda não tinha beijado ninguém. Também, ela pensou, crescendo na casa Blackthorn, era provável. Eles raramente viam outras crianças da mesma idade; o Conclave simplesmente não era tão grande, e agora que a Academia em Idris reabriu, a maioria dos Caçadores de Sombras estavam sendo treinados lá.
Ela pensou em Julian, o modo que quando ele sorria para ela, ele parecia colocar todo o seu ser no sorriso. O jeito que iluminava a sala e fazia seu coração parar. Cameron Ashdown estava olhando para ela com curiosidade enquanto Diana fez as apresentações; Livvy estava tirando o capacete. Abaixando a lâmina, Emma sorriu para Cameron, colocando tudo dela no sorriso.
Quando ele sorriu de volta, ele parecia deslumbrado.
Mais tarde, depois que os Ashdown se foram, Ty disse: "Eu não gostei deles."
Julian bagunçou seu cabelo. Em vez de dizer o que Emma esperava – algo sobre como Ty tinha de lhes dar uma chance – ele disse: "Eu também não gostei deles."
"Por que não?" Ela perguntou, curiosa.
Ele encolheu os ombros. "Eu simplesmente não gostei."
"Bem, é uma pena", disse Diana. "Vocês, crianças, precisam passar mais tempo com algumas pessoas que não são Blackthorns." Ela olhou para Emma. "Ou Carstairs."
Os Ashdown voltaram no próximo fim de semana e no próximo final de semana depois desse. Era o verão, e o grupo passava o tempo na praia, se bronzeando, nadando na água – todos, exceto Emma – e construindo castelos de areia com as crianças mais novas. Ty construiu meticulosos castelos de areia, cuidadosamente esculpidos, enquanto os de Livvy eram disformes e imponentes, desmoronando sob seu próprio peso enquanto subiam em direção ao céu. Eles enterraram Tavvy na areia, e Drusilla se sentou de pernas cruzadas e se perdeu em um livro – Paige tinha quase a mesma idade que ela, mas as garotas se ignoravam.
Mais tarde, Emma pensou que deveria ter sido um aviso para ela. Mais tarde, ela se culpou por tudo. Ela tinha catorze anos quando levou Cameron para ver as cavernas. Ele estava brincando com ela sobre nunca entrar na água; ela riu, mas não lhe contou o por quê. Em vez disso, ela o afastou do grupo e o levou em sua caverna favorita: não a maior, mas a mais longa e mais sinuosa. Era possível encontrar uma curva no túnel onde o oceano não podia ser visto de ambos os lados.
Ela levou Cameron atrás dela e o encarou, seu coração batendo forte. Ela estudou a cor avelã dos olhos dele nas sombras, sua mistura de azul, marrom e verde. Ela estendeu as mãos, sem saber como ser nada além de direta. "Você quer me beijar?" Ela disse.
Ele engoliu em seco e assentiu. Ele estava tremendo quando a puxou em direção a ele e a beijou suavemente, sua cabeça inclinando para trás, suas mãos encontrando a apoio em nos ombros dele. Ela acariciou seus braços, levemente, timidamente; a boca dele era quente e macia e ele tinha gosto de sorvete de morango.
Beijar era tudo que ela esperava que fosse. Era como um bom tipo de afogamento, enchendo seus ouvidos e olhos de esquecimento, bloqueando o som das ondas contra a costa. O toque de Cameron se tornou mais urgente, deslizando por sua cintura, e ela se inclinou mais contra ele, e foi quando ela ouviu alguém gritar.
Soava como um grito de raiva ao invés de dor ou medo, mas Emma já ouvira gritos a distância antes e ela se afastou de Cameron sem pensar e explodiu em disparada. Ele a seguiu. Quando chegaram à praia onde haviam deixado os outros, os dois ficaram olhando: Ty estava sentado na areia, e Julian segurava Paige pela gola da camiseta, o rosto branco de raiva.
Mais tarde, Emma descobriu o que havia acontecido. Livvy e Dru foram pegar conchas; Julian estava desenhando nas dunas, e Ty estava fazendo um castelo de areia com Paige o ajudando, sem entusiasmo.
Ele pegou um pedaço de vidro marinho e ficou fascinado com isso. Às vezes, Ty ficava fascinado com as coisas: a maneira como um borrão de tinta se espalhava pela página, ou a maneira como o corante penetrava na água. Ele se sentava e olhava para as coisas, perdido em contemplação. Se ele estivesse especialmente distraído, seria preciso uma mão gentil em seu ombro, ou seu nome falado suavemente, para despertá-lo.
Mas Paige não fez nenhuma dessas coisas. Quando ela perguntou o que ele estava fazendo e ele não reagiu, ela jogou um punhado de areia no rosto dele. Ty voltou a si mesmo sem ar, cego e ofegante. Ele começou a balançar, suas mãos tremulas, borboletas frenéticas.
"Aberração", Paige vociferou. "Pare de fazer isso, sua aberração."
E então Julian estava lá, puxando Paige para ficar em pé com força. Enquanto Emma corria, Cameron a seu lado, eles o ouviram silabar.
"Se você alguma vez", ele disse, "alguma vez, chamar meu irmão desses nomes de novo, eu vou te matar. Eu não me importo se você é uma garota. Eu vou matar você."
"Pare! Pare!" Cameron correu à frente de Emma e puxou sua irmã para longe de Julian; ela prontamente começou a chorar. Julian olhou para ele atordoado. Ao longe, Emma pôde ver Livvy e Dru correndo pela areia na direção deles.
"Tire-a daqui", ele disse. "Vocês dois, vão embora, e não voltem."
Cameron se virou para Emma, com o rosto inteiro intrigado. "Nós poderíamos falar sobre isso", disse ele. "Nós – nós deveríamos falar sobre isso."
Emma olhou para ele, para Julian, que agora estava agachado perto de Ty, dizendo seu nome, suavemente, com a voz cheia de amor e pânico. E ela se virou para Cameron, que segurava a irmã de rosto vermelho e olhava para ela com um olhar que dizia que ele esperava que ela tomasse o seu lado. Que o beijo deles nas cavernas tinha sido um sinal de que sua fidelidade havia mudado. Que ela seria leal a ele agora, e não a Julian.
"Vá embora," ela disse. "Como Julian disse. E nunca mais a traga de volta."
Algumas semanas depois, ela e Julian foram para Idris, para a cerimônia parabatai deles. Quando eles voltaram, Paige foi enviada para a Academia. Um mês depois, Emma começou a namorar Cameron pela primeira vez.
Várias cenas deletadas de DMN[]
"Eu sei que as coisas não estão exatamente certas entre nós desde que voltei da Inglaterra," disse ele. "E eu não sei se é porque eu estou com um pouco de ciúmes da Cristina, ou com muito ciúmes de —"
"JULIAN," disse Emma.
Algumas pessoas faziam listas de coisas que queriam fazer antes de morrerem; Julian tinha uma lista de coisas que não podia fazer. Ele estava deitado com o braço rodeando o corpo de Emma, seus dedos mal tocando seu braço nu, recitando silenciosamente sua lista.
Coisas que eu nunca posso fazer:
Deixar as crianças
Deixar que alguém descubra sobre Arthur
Deixe a Clave ter Ty
Deixar qualquer um saber porque eu me levanto antes do nascer do sol
Contar...
Emma se moveu enquanto dormia, acariciando-o suavemente com a mão, curvando-se para ele como um gato procurando calor. Passava da meia-noite; Julian teria que se levantar em quatro horas, mas ele podia sentir seu coração martelando na parte de trás de sua garganta e ele sabia que o sono não viria.
Coisas que eu nunca posso fazer:
Deixar as crianças
Deixar que alguém descubra sobre Arthur
Deixe a Clave ter Ty
Deixar qualquer um saber porque eu me levanto antes do nascer do sol
Contar a Emma
"Então, o que isso significa para nós?" disse Livvy. "Essa conexão com os Blackthorn?" Ela olhou ansiosamente para Jules. "O que significa que aquela mulher, Belinda, sabia sobre o tio Arthur?"
"Isso significa que há pessoas que sabem disso e vão tentar usar isso contra nós," disse Julian. "Mas também significa que devemos estar perto, perto da resposta, ou eles não estariam nos ameaçando agora."
"Mas não nos sentimos próximos," disse Emma, claramente frustrada. "Pelo menos eu não. Eu sinto que estamos vagando em uma névoa. Então, o que os desencadeou? O que os fez pensar que sabíamos mais do que sabemos?"
"Eles descobriram que estávamos no teatro para a Loteria," disse Cristina. "Talvez eles tenham entrado em pânico porque sabíamos quem eles eram."
"Não sabemos," disse Emma. "Nós sabemos que eles são um bando de produtores de cinema obcecados por Blackthorns e uma vontade de trazer alguém de volta dos mortos."
"Quem os produtores de cinema gostariam de trazer de volta dos mortos?" Perguntou Ty.
"Marilyn Monroe?" sugeriu Livvy.
"Brad Pitt," disse Drusilla.
"Brad Pitt ainda está vivo," ressaltou Emma.
"Prove," disse Ty.
Mapa de Los Angeles[]
- Um mapa de Los Angeles, com determinados locais apresentados na série marcados e ilustrados no mapa.
Senhor das Sombras[]
Mapa de Alicante[]
- Um mapa de Alicante, com determinados locais apresentados na série marcados e ilustrados no mapa. Foi lançado com certas edições especiais (da Target, por exemplo) de Senhor das Sombras.
Cena deletada da Ponte Blackfriars[]
- Uma cena deletada de Emma e Julian na Ponte Blackfrairs falando sobre personagens de As Peças Infernais e indiretamente relacionando seus relacionamentos com os seus próprios. Embora tenha sido cortado do livro, foi incluído como uma história bônus nas edições especiais da Barnes & Noble e Waterstones.
Nossas Almas Despertas[]
- fonte: Idris BR; Cassandra Clare no Tumblr
- Uma cena de Clace, um tanto canônica com os livros, que se passa durante a missão de Clary e Jace em Faerie mencionada em Senhor das Sombras. Foi escrita por Cassie a pedido de um amigo.
Para Virna, Mari e Julia.
E agora no despertar das nossas almas
quando nos vemos sem um pingo de medo;
amando plenamente com todos os sentidos
num quarto onde cabe o mundo inteiro
– John Donne
Clary estava parada sobre seu próprio cadáver.
Era uma terra devastada por todo lado, e um vento preguiçoso agitava o cabelo de Clary. Isso a lembrava um pouco da vazia costa vulcânica ao redor da Cidadela Adamant, embora o céu parecesse quase em chamas – havia faixas vermelho e preto carvão flutuando no ar ao invés de nuvens.
Ela podia ouvir vozes à distância. Ela as ouvia toda vez que estava ali: elas nunca se aproximavam o suficiente para ajudá-la. Estava jogada no chão, havia sangue em seu rosto, cabelos e seu informe de combate. Seus olhos estavam abertos, verdes, encarando cegamente o céu.
Clary começou a se ajoelhar, tocando a si mesma no ombro, quando o chão sob seus pés estremeceu e deu um solavanco, e ela ouviu alguém gritar seu nome – ela se virou, e tudo escorregou para longe dela como se estivesse caindo da crista de uma onda. Ela tossiu, engasgou e acordou.
Por um momento, desorientada, não fez ideia de onde estava. Deitada num cobertor sobre a grama, encarando um céu cheio de estrelas multicoloridas. Elas pareciam girar acima dela como se estivesse em meio a um caleidoscópio. Ela podia ouviu música à distância, suave a insistente. Uma batida estranha, mas com uma melodia singular. Faerie. Ela estava em Faeire. Com –
"Clary?" Era a voz de Jace, sonolenta e intrigada. Ele rolou para o lado dela. Ambos dormiram com seus uniformes de combate, sem saber se seria seguro durante a noite. As armas próximas às mãos também, e Clary estava agradecida que as noites fossem quentes porque ela havia chutado seu cobertor enquanto sonhava. "Você está bem?"
Ela engoliu com dificuldade. Ela ainda podia sentir os arrepios na sua pele. "Sonho ruim."
"Você vem tendo muitos desses." Ele se aproximou, preocupação em seus olhos dourados. Seu cabelo claro despenteado, começando a ficar comprido demais de novo, caindo um pouco em seus olhos. "Você quer falar sobre isso?"
Ela hesitou. Como você diz a alguém que seus sonhos não são realmente sonhos, eles são visões? Você sabe isso. E que você está se vendo morta, de novo e de novo, em um dia que está chegando cada vez mais perto. Aquele dia que você vai estar olhando para o seu próprio corpo e sabendo que você se foi para sempre do mundo que você amava e das pessoas que você amava e que te amavam também.
Não. Ela não podia falar isso para Jace. Algumas vezes, ela pensava que era a única pessoa no mundo que pensava nele como alguém frágil (bem, exceto por Alec, é claro). Para a maioria das pessoas, ele é o garoto com sangue de anjo, o Chefe do Instituto de New York, um dos guerreiros que foi para Edom e acabou com a Guerra Maligna. Para ela, ele sempre seria o garoto magro com olhos desesperados que sobreviveu a um pai abusivo e uma falta de amor devastadora na infância; o garoto que aprendeu que amar era destruir, e que o que você amava, morria em suas mãos.
Ela sabia que Alec entendia que em muitas formas, ele tinha a forte habilidade de aguentar a tragédia, permanecer calmo na frente do medo pelas pessoas que amava. Isabelle, talvez? Mas ela não podia contar pra nenhum deles, de todo jeito; ela não pediria que eles escondessem um segredo de Jace. Simon não seria capaz de aguentar tanto quanto Jace. A única pessoa que talvez pudesse ajudar era Magnus, ela pensou; se apoiando em seus cotovelos; quando eles voltassem, ela iria até Magnus. Ela não queria contar a ele enquanto ele estivesse doente, mas ela talvez não tivesse escolha.
"Apenas um pesadelo bem ruim," ela disse. Era verdade, na medida do possível. "Desculpa ter te acordado."
Ele se ergueu um pouco, se apoiando em seu braço dobrado. "A musica teria feito isso de todo jeito." Estava alta: Clary podia ouvir as flautas e violinos ecoando do outro lado das colinas. Ele sorriu, aquele sorriso torto que sempre fez o coração dela saltar. "Nós devemos dar uma olhada na festa das fadas?"
"Esse não é o oposto de estar disfarçado?" ela disse. "Você sabe, aparecendo num dos maiores eventos das Fadas. E além do mais, sua dança é memorável."
"É muito boa," ele disse, as estrelas multicoloridas se refletindo nos olhos dele. Ele estendeu a mão e a parou no quadril dela, na curva da sua cintura. Ela se lembrou dele dizendo uma vez que era o lugar favorito dele no corpo dela. "Funciona como uma alça," ele disse, a erguendo com uma mão apenas enquanto ela dava risada. Algumas vezes ter um namorado que era bem mais alto não era tão ruim assim.
"Eu disse que era memorável. Não boa."
Os olhos dele brilharam. "Vem aqui, Fray."
Ela apenas riu, o sonho já ficando pra trás. Tinha épocas em que ela podia até esquecer as visões, se concentrar na missão no mundo das Fadas, o tempo ali com Jace. Ela não tinha percebido quando eles aceitaram o trabalho no Instituto o quanto teria de viagens miseráveis e quanta papelada isso implicaria; ela estava desesperadamente com ciúme de Alec e Magnus, às vezes, que trabalhavam na Aliança fora do apartamento deles e ficando juntos o tanto que queriam. Metade do tempo Jace estava sendo arrastado para Idris enquanto ela tinha que ir para acabar com alguma atividade demoníaca com Simon e Isabelle.
Na verdade, ser enviada para algum lugar com Jace era uma oportunidade rara de tempo juntos, e apesar da gravidade de procurar por uma arma, ela estava gostando. E a terra das fadas era linda, de uma maneira alienígena — frutas pendiam como joias de ramos baixos em cores brilhantes de jade, safira e ametista. Pequenas fadas cor de rosa e de asas roxas flutuavam entre as abelhas e as flores. Havia piscinas de cristais cheias de nixies que gostavam de aparecer e conversar enquanto Clary lavava seu cabelo; ela ainda não tinha visto uma sereia, mas uma das nixies confessou que elas costumavam passar a maior parte do tempo no oceano e, definitivamente, ficavam acima deles no que diz respeito a caudas.
Claro, havia a praga para enfrentar. Manchas cinzentas de terra morta, dividindo os campos verdes como cicatrizes de um duelo. Eles coletaram amostras do solo cinza para os Irmãos do Silêncio. Isso não era particularmente bonito, mas –
"Clary", disse Jace. Ele acenou uma mão na frente do rosto dela. Ainda era um choque ver seus dedos temporariamente sem o anel de Herondale. "Você deixou de prestar atenção em mim."
Ela ergueu as sobrancelhas para ele. "Você é como um gato. Se eu não te der atenção, você vem e se senta em mim até eu esfregar suas orelhas ou o que quer que seja."
O sorriso dele se aprofundou. "Não seriam minhas orelhas que eu –"
Ela bateu em seu ombro. "Não diga isso!"
Ele estava rindo agora. "Por que não?"
"Sou uma dama muito correta", disse ela. "Eu posso desmaiar".
Às vezes, ela ainda ficava surpresa com a rapidez com a qual ele podia se mover. Ele rolou os dois em menos tempo do que ela levou para piscar. Deitada por cima dela com o peso apoiado em seus braços, ele olhou para ela com o riso começando a desaparecer de seus olhos. "Eu vou reanimar você", ele disse, sua voz baixa.
Ela estendeu a mão para tocar seu rosto. Ele estava olhando para ela tão seriamente, e Jace não era sério quando podia evitar. Ela se lembrou da maneira como ele a olhou quando ele pediu que se casasse com ele, e seu coração se contraiu com uma dor próxima à agonia. Ela o machucara, dizendo o que ela havia dito então. Ela não queria, mas sentia que não tinha escolha. Lembrando-se, porém –
"Me beije", disse ela.
Houve um lampejo de surpresa com a brusquidão do pedido, mas foi rápido. Os reflexos de Caçador de Sombras eram mais convenientes do que apenas na batalha. Jace inclinou-se para trás em seus calcanhares para que ele ficasse sentado com ela em seu colo. Ele segurou o rosto dela entre as mãos e a beijou.
Gentil, lento, explorador: sua boca na dela era quente e macia. Ele abriu os lábios dela com os dele, o toque de sua língua contra a dela enviando um choque pelo corpo dela. Cada beijo era como aquele primeiro na estufa, reescrevendo os circuitos do seu corpo, deixando claro: você nunca mais vai querer outra coisa.
Mas ainda assim ela se lembrava: Clary, você quer se casar comigo? E sua voz, tremendo: Você quer se… casar?
"Mais forte", ela sussurrou, se pressionando contra ele, mergulhando na boca dele com a sua língua. Ela passou a ponta pelos lábios dele, fazendo com que ele arqueasse para trás de surpresa e desejo. Suas mãos estavam nos ombros dele; ela mordiscou seu lábio inferior, e ele passou as mãos por seu cabelo, juntando um punhado dele, ofegando na boca dela.
"Clary, isso vai ficar… fora de controle… muito rápido", ele disse, e em resposta, ela se inclinou e puxou sua própria camisa de treinamento sobre sua cabeça. Ele a encarou com espanto (raro para Jace) antes de suas mãos voarem para cobrir os seios dela. "Estamos ao ar livre", ele protestou. "Há uma festa das fadas logo ali. Qualquer um poderia simplesmente passar por aqui."
"Jace Lightwood Herondale", ela disse, com voz baixa ronronada. (Se ele achou que colocar suas mãos nos seus seios iria dissuadi-la, não estava funcionando.) "Você está sendo tímido? Você já não correu completamente nu na Madison com galhos na cabeça?"
"Não me importo que pessoas me vejam nu", disse ele. "Eu me importo com as pessoas te verem nua".
Ela se inclinou e beijou o canto da boca dele, o queixo e depois foi abaixando. Ela agora já conhecia os pontos sensíveis dele, incluindo o do lado esquerdo da garganta, logo abaixo do ponto de pulso. Ela lambeu e sugou sua pele até a cabeça dele pender para trás; as mãos dele estavam se movendo por seu corpo agora, sobre a runa Sanger na lateral do corpo dela, acariciando-a de seus seios até sua cintura, desatando o cordão que segurava suas calças de treinamento. Elas caíram com apenas um sussurro do tecido e seus dedos deslizaram entre suas pernas.
Fazia anos e ele conhecia seu corpo agora da mesma forma como conhecia as armas, e podia fazê-la se contorcer em seus braços, assim como suas armas dançavam em suas mãos. Ela ofegou quando ele a tocou, e seus dedos tremeram, arrancando sua camisa, quebrando os botões enquanto ela a tirava dele.
"Deixe-me", ele disse, suas bochechas estavam coradas e sua voz baixa e decidida. Isso a enviou uma dor mais profunda do que a dor de saudade de seu corpo do dele: ela lembrou o que ele disse: Claro que estou falando de casamento, o que mais você pensou? Nunca haverá mais alguém, não para mim. Eu pensei que fosse o mesmo para você. E ela sabia o que ele estava dizendo agora: Deixe-me, deixe-me agradar você, pois não sei o que incomoda seus sonhos, não posso conhecer seus segredos, mas isso eu posso fazer.
Ela colocou as mãos nos ombros dele, o deixando acaricia-la e tocá-la e o prazer espirou dentro dela como fumaça. É o mesmo para mim. Sempre foi. Somente você e ninguém mais. Mas o sentimento era intenso demais para manter a memória; encheu a mente dela e a deixou tonta e ela gritou finalmente, cavando suas mãos nas costas dele para se manter firme.
Os olhos dele estavam vidrados, escuros de necessidade. "Deite-se", ele disse, sua voz rouca, mas ela balançou a cabeça, as mãos indo em direção de sua cintura, suas mãos empurrando suas calças de treino para baixo e fechou a mão ao redor dele, acariciando-o. Ele se inclinando novamente sobre seus cotovelos, e seu corpo arqueado sob as estrelas multicoloridas era lindo, seus cabelos e as pontas de seus cílios refletindo seu ouro brilhante.
Ela se esticou sobre ele, como se pudesse proteger o corpo dele; ela passou as mãos sobre o peito dele, as cicatrizes e marcas lá, como se ela pudesse proteger seu coração. Ela afundou sobre ele como se a união de seus corpos pudesse evitar qualquer separação, como se pudesse impedir a morte de arrancá-la dele, a coisa que ela mais temia no mundo.
Ele gemeu e suas mãos se levantaram para segurar seus quadris, estabilizando-a, segurando-a contra ele, e ela se lembrou daquele dia novamente e o olhar em seu rosto, como se algo dentro dele tivesse sido esmagado e sua própria voz aumentando o tom. Eu te amo. Eu amo você e você precisa confiar em mim: não estou dizendo não, estou dizendo não agora. Eu tenho um bom motivo, eu juro. Por favor, acredite em mim, Jace.
Ele olhou para ela agora. Ela podia se ver em seus olhos, iluminada por um milhão de estrelas, e o rosto dele estava cheio de maravilhas e prazer. Por favor, ela rezou, que não seja a última vez, deixe que esta não seja a minha última noite com ele, meu último dia com ele, deixe-me ver o rosto dele assim novamente, aquele olhar que só eu posso ver, que sempre foi apenas para mim. E deixe ele ter isso novamente, também, não tire isso dele, ele já passou pelo suficiente, fez o suficiente e deu tudo e –
"Por favor", disse ela, falando alto sem perceber, e ele gemeu enquanto se movia dentro dela, devagar e duro e depois mais rápido. Ele ergueu os ombros do chão, encontrando sua boca com a dele, beijando-a como se ele pudesse fundir os dois. Seu corpo estava deixando sua mente vazia: havia apenas isso, uma batida crescendo ferozmente em seu peito, atraindo calor pelas veias dela; a maré desenfreada estava chegando, atraindo-o enquanto a atraía: afogava os dois.
"Eu te amo", disse ela, afastando a boca dele, vendo os olhos dele abertos, "e eu sempre – eu sempre –"
Ela se desfez ao redor dele e era como morrer; um segundo depois, ele se deixou ir e estremeceu com ela, jogando o braço esquerdo em seus olhos em um gesto estranhamente vulnerável, como se fosse proteger-se de uma luz que era capaz de o cegar.
Quando Clary conseguiu se orientar novamente, ele tinha puxado-a para baixo e rolou ambos de lado, com um braço ao redor dela, estendendo o outro para puxar o cobertor e cobri-los. No caso de um fauno de passagem a visse nua, pensou com diversão, e beijou o nariz dele.
O cabelo dourado dele estava escuro nas raízes com suor, seu peito ainda subindo e descendo rápido. "Jesus, Clary," ele disse. "Isso foi –"
Intenso. Ela sabia o que ele estava pensando: depois de cinco anos, quando eles faziam amor, era geralmente com risadas e provocações, sempre com paixão, mas aquilo tinha sido outra coisa. Alguma parte dela tinha encontrado mais uma vez a garota desesperada que fora nas ruínas da Mansão Wayland, abraçando Jace muito apertado porque ela sabia que nunca mais o teria de novo, que era impossível.
Ela engoliu em seco, enroscando seu corpo no dele, traçando a linha da cicatriz Herondale ao longo do ombro dele com a ponta do dedo. "As missões são perigosas", disse ela, com a voz baixa. "Amanhã vamos nos infiltrar no Tribunal Unseelie. Eu – eu estava pensando que poderia ser a última vez que já estaríamos juntos."
Não era uma mentira.
Ele ficou horrorizado. "Clary. Eu sei que vivemos uma vida perigosa, mas nós sobrevivemos a tudo que é jogado sobre nós." Ele a puxou para perto, passando os dedos pelos cabelos dela. "Eu entendo", ele disse, gentilmente. "A pior coisa que posso imaginar é algo acontecendo com você."
O coração dela apertou. Ela se escondeu contra ele, a exaustão de seu corpo assumindo o controle, a sonolência a tomando enquanto ele acariciava suas costas. "É só que eu te amo tanto," ela disse.
"Claro que você ama." Sua mão tinha acalmado, os dedos mal se moviam; sua voz estava cheia de sono. "Eu sou incrível."
Ela queria dizer que ele era realmente incrível, que não era apenas uma piada, que, embora soubesse que o magoara pedindo para atrasar um pedido de casamento novamente, ele a deixaria ter o tempo que pedira e nunca exigiu saber o motivo. Ela diria que ele precisava confiar nela, e ele tinha.
Isso a fez amá-lo ainda mais, se isso era possível, e ela não desconhecia a ironia disso. Mas o sono estava levando-a para uma maré que não podia segurar: as estrelas do arco-íris giravam sobre eles e Clary pousou a cabeça contra o ombro de Jace. Pouco antes de cair inteiramente na inconsciência, um pensamento cintilou no limite de sua mente – algo sobre a terra cinza do lugar em suas visões, e a terra destruída na terra das fadas. Mas desapareceu como uma folha em um ralo, arrastando os dois juntos em um sono profundo.
* * *
* arte de acompanhamento não pode ser adicionada devido a políticas do Fandom*
Cena do chalé não editada[]
- fonte: Cassandra Clare no Tumblr
- A versão NSFW não editada e estendida da cena do chalé com Emma e Julian em Senhor das Sombras, no ponto de vista de Julian como Cassie escreveu pela primeira vez.
"Jules," disse Emma. "Fala alguma coisa por favor –"
Suas mãos se apertaram convulsivamente em seus ombros. Ela engasgou quando o corpo dele colidiu com o dela, levando-a para trás até que seus ombros batessem na parede. Ela olhou para ele com espanto óbvio; ele podia ver seu rosto refletido em suas íris escuras. Ele mal se reconheceu, e sua voz soou estranha quando ele falou, até mesmo para seus próprios ouvidos: "Julian," disse ele. "Eu quero que você me chame de Julian. Só isso."
Seus olhos pareciam brilhar. Seus lábios se moviam lentamente – seus lábios suaves e deliciosos, sua boca que ele olhava pelo que parecia um milhão de anos de desejo silencioso e sem esperança.
"Julian," ela disse, exalando seu nome em um suspiro.
O som da voz dela moldando seu nome completo – não o nome que ela o chamava quando eram crianças – enviou algo quente e escuro por suas veias. Suas mãos apertaram seus ombros e ele tomou sua boca com um desespero violento e duro que dificilmente poderia ser chamado de beijo.
Cada músculo de seu corpo pareceu se contrair ao mesmo tempo: o beijo encheu todos os seus sentidos, suavidade, doçura, o cheiro de seu cabelo e pele, a visão de seus olhos fechados, a vibração de seus cílios. Emma. Sua Emma. E ela estava segurando ele de volta, ela estava segurando ele contra ela, forte, devolvendo cada parte do beijo. Ela tinha gosto de selvageria, de chuva, e ele se perguntou como ele poderia ter imaginado por uma fração de segundo que a fada que ele beijou tinha sido ela. Ele sentiu um gemido subir em sua garganta e forçou-o de volta para baixo; Emma sabia que era uma má ideia, ela era a sensata e alguma parte de seu cérebro estava lhe dizendo que se ele pudesse esconder o quanto a queria, o quanto ele desistiria de ter isso, ela deixaria continuar. Que os dois participassem desse erro colossal que era tudo o que fazia seu coração bater mais forte.
As mãos dela se levantaram e tocaram sua nuca. Seus dedos eram longos, delicados para os dedos de uma guerreira, mas nem um pouco macios: suas calosidades raspavam suavemente a pele macia acima da gola de sua camisa e ele estremeceu com o esforço de não perder o controle ali mesmo. Ela estendeu a mão para puxar seu suéter pela cabeça, arrastando-o sobre as mãos.
Ela pegou sua camiseta em seguida; então hesitou. Seu coração bateu forte contra suas costelas. Por favor, que ela não quisesse parar. Por favor, que ela continuasse querendo ele. Seus lábios se separaram quando ela olhou para ele: seu cabelo loiro pendurado em grossas cordas douradas molhadas sobre seus ombros, descendo por suas costas. Deixou manchas úmidas em sua camisa; ele podia ver seu sutiã através do material e seus mamilos, enrijecidos com o frio. Ele estava tão duro que doeu.
Ele colocou as mãos na cintura dela. Ele adorava segurá-la assim, como se fosse levantá-la nos braços, como se estivessem dançando. Ele ouviu sua respiração acelerar. Suas mãos deslizaram por seu corpo, envolvendo seus seios; seus dedos acariciaram seus centros. Ela deu um pequeno gemido ofegante e sua cabeça caiu para trás contra a parede.
Desejo e triunfo passaram por ele de uma vez, uma combinação inebriante. A primeira vez foi uma explosão de desejo e instinto; ele não havia tirado nada disso a confiança de que poderia agradá-la com segurança. Cada respiração acelerada que ela dava agora era como um fósforo para secar a isca; ele não tinha pensado que poderia querê-la mais, mas o fogo correndo por ele o fez pensar na igreja cujas paredes de pedra ele e Emma haviam reduzido a cinzas.
Ele a beijou profundamente; ela murmurou contra sua boca, as mãos em suas costas, puxando-o para mais perto. Ela se arqueou contra ele, contra seu corpo que doía e a desejava; ele podia ouvir sua voz, dizendo o nome dela, e teve que se forçar a não implorar para que ela dissesse que o amava, que o queria.
Mas ele não conseguia controlar suas próprias palavras. Ele enterrou o rosto contra ela, beijando sua bochecha, sua garganta enquanto deslizava os polegares sob o cós da calça jeans e puxava para baixo. Ela chutou a pilha molhada de jeans para longe. Suas mãos se apertaram em suas curvas, a delicada convexidade dos ossos do quadril sob seus dedos, algo insuportavelmente íntimo no contato.
"Eu te amo," disse ele, ou algo parecido: as palavras estavam meio engasgadas. "Eu te amo muito."
Ele pensou que a sentiu congelar. Ele disse muito. Mesmo enquanto o medo o dilacerava, seu corpo ainda estava doendo, desejando o dela; quando ela virou a cabeça para o lado e beijou sua palma, ele teve vontade de gritar. "Julian," disse ela, com a voz trêmula. "EU –"
"Não faça isso," ele sussurrou, e a beijou, desesperado para não ouvir que isso era impossível. Os lábios dela queimaram os dele, acariciando a borda de sua boca. "Eu não quero ouvir nada razoável, não agora. Eu não quero lógica. Eu quero isso."
Ela parou, seus lábios contra sua mandíbula. "Mas você precisa saber –"
Ele balançou sua cabeça. "Não preciso." Ele se abaixou, agarrou a bainha de sua camisa e a tirou. Seu cabelo molhado derramou gotas sobre os dois. "Estou quebrado há semanas," disse ele, e doía dizer aquelas palavras, embora fossem verdadeiras e honestas. Talvez porque fossem verdadeiras e honestas. "Eu preciso estar inteiro novamente. Mesmo que não dure."
Ela estava balançando a cabeça, mas suas mãos acariciaram sua clavícula, roçando sua pele nua. Quando os dedos dela encontraram sua runa parabatai e traçaram seus contornos, o fluxo de sangue para sua virilha o deixou tonto.
"Não pode durar," ela sussurrou. "Isso vai quebrar nossos corações."
Ele não aguentou. Havia algo nas pontas dos dedos dela na runa que o estava deixando louco; ele a pegou pelo pulso, puxou sua mão e levou-a ao peito nu. Espalhou os dedos sobre o coração dele, imaginando que ela poderia ver através de sua caixa torácica como uma janela, ver onde ela havia deixado suas impressões digitais em cada válvula, ventrículo e artéria. "Quebre meu coração," ele disse a ela. "Quebre em pedaços. Eu te dou permissão."
Ele viu suas pupilas se expandirem, abertas como portas. Ela estendeu os braços para ele e ele podia ouvir a dor de desejo em sua voz, um desejo que combinava com o seu. "Julian, sim," ela disse. "Sim."
Ele a pegou, ergueu-a, puxando a blusa dela pela cabeça. Ela desabotoou o sutiã, encolheu os ombros e alcançou o cós da calça jeans dele. Deslizou a mão por baixo com um sorriso malicioso. Sua mão se fechou ao redor dele, palma e dedos um tormento doce e quente. Ele pressionou a testa em seu ombro, surfando nas ondas de deleite que ela o desejava, o estava tocando, até que começaram a subir e com medo de que acabasse muito cedo, ele se afastou abruptamente para se livrar de suas próprias roupas, enquanto ela deu a risada baixa e gutural que abriu um buraco em seu plexo solar.
"Julian," ela respirou. "Volte." Seus braços estavam estendidos para ele, acenando para que ele voltasse para ela. Então as mãos dele estavam nos quadris dela; ele a estava levantando, então ela ficou presa entre seu corpo e a parede. Eles se olharam pelo que provavelmente foi apenas um segundo: pareceu uma eternidade. Lá fora, o vento, a chuva e o mar se chocavam contra a pedra dos penhascos; aqui, dentro desta casa, este estranho lugar que era um monumento ao amor perdido, eles estavam juntos e nada mais importava: eles se encaixavam no menor espaço imaginável, o espaço dentro dos corações dos amantes que encontraram seu caminho de volta um ao outro depois uma separação impossível.
Ele inclinou a cabeça para beijá-la com uma reverência gentil: primeiro seus lábios e depois seus seios; ele a sentiu tremer de prazer; as longas pernas dela se levantaram e se enrolaram na cintura dele. Ela ergueu o rosto dele com os dedos sob o queixo enquanto ele a segurava, as mãos sob suas coxas, e beijou sua boca aberta, circulou sua língua com a dela até que ele não aguentou mais e pressionou para frente e dentro dela.
Ela engasgou, estremeceu, seu corpo quente e macio ao redor dele. Seus lábios se separaram, seus olhos tremulando fechados. Ele pediu desculpas silenciosas a cada clichê que agora percebeu que era verdade: que eles se encaixavam como peças de um quebra-cabeça, que ela era a outra metade dele, que isso era algo tão extraordinário que ninguém mais tinha experimentado, que ninguém mais saberia, que ele tivesse realizado em um país desconhecido. Oh minha América, minha terra recém-descoberta...
Ele se arrastou de volta à realidade. "Você esta bem?" ele sussurrou, surpreso por poder formar as palavras.
Seus tornozelos travaram na parte inferior de suas costas e ele quase desmaiou. O suor brilhava em sua garganta, suas clavículas. Sua voz tremia: "Não pare."
Ele começou a se mover e ela se arqueou contra ele, as mãos estendendo-se para trás, lutando contra a parede em busca de algo para se apoiar. Ela estava dizendo o nome dele, Julian, Julian, e as mãos dele deslizaram por sua espinha, embalando seu corpo enquanto ele lutava para se controlar. A intensa sensação disso cresceu em uma espiral com cada movimento, com cada deslizamento de sua pele contra a dele. Sua respiração veio em suspiros soluços; os dedos dela voaram para agarrar seus ombros; ele sabia que estava dizendo que a amava, repetidamente enquanto ela gritava e o prazer explodia dentro dele, queimando cada nervo de seu corpo.
Ele caiu de joelhos, ainda embalando Emma em seus braços. Havia lágrimas em seu rosto, embora ele duvidasse que ela soubesse: ela o estava segurando; eles estavam abraçados, atordoados e exaustos, como os únicos sobreviventes de um navio que encalhou em alguma costa distante e lendária.
*a arte que acompanha não pode ser adicionada devido às políticas do Fandom*
Rainha do Ar e da Escuridão[]
Cena deletada Jemma[]
"Nós devíamos ficar longe um do outro", ela disse. "Como Magnus falou."
"Eu sei. Eu não teria vindo te ver, mas tem algo que eu queria perguntar." Ele jogou a faca. Grudou na parede, ao lado de uma das facas de Emma. Ela sentiu um orgulho sombrio; as pessoas costumavam subestimar o quanto Julian era um bom Shadowhunter. "É uma pergunta meio estranha, mas se você fosse pensar em um símbolo, uma coisa que te fizesse lembrar de Livvy – o que seria?"
"A espada dela", Emma disse. "Por quê?"
"Não importa." A voz dele estava rouca. "Nós provavelmente não devíamos falar sobre coisas emocionais."
"Então podemos conversar sobre o que? Não nossos sentimentos, nem nossa família – o que?"
"Nós nos jogamos no que está acontecendo", Julian disse. "Nós fazemos o que pudermos para derrubar a Tropa."
Foi a vez de Emma segurar uma faca. Ela jogou com força, violentamente, e acertou a parede com força o bastante para rachar a madeira.
Um Amor Que Nunca Se Esgota[]
- fontes: IdrisBR; Boletim informativo de Cassandra Clare
- Um conto que funciona como uma continuação de Uma Longa Conversa, lançado com todas as primeiras edições de Rainha do Ar e da Escuridão. Isso só será adicionado quando a Cassie ou a editora o publicar online. (O título é do poema "Marriage Morning" de Alfred, Lord Tennyson.[1])
"Em outra vida, eu poderia ter sido um surfista." disse Jace. Ele estava deitado na areia da praia aquecida pelo sol, ao lado de Alec. Ambos estavam com as mãos cruzadas atrás de suas cabeças, para melhor assistirem os fogos de artifício de Ragnor explodindo no céu. A maioria tinha forma de runas de amor e casamento, mas alguns pareciam ser imagens grosseiras que Jace esperava que Max e Rafe não vissem.
"Você teria gastado todo o seu tempo pulando da prancha e socando tubarões", disse Alec. Sua nova aliança brilhava em seu dedo ao luar. "Isso não é realmente surfar."
Ele ostentava agora um ar de felicidade serena e de paz. Jace não tinha como ficar com inveja. Estava feliz por Alec, e também estava ciente de tudo que Alec vinha enfrentando. Nas três semanas desde o rompimento com a Clave e o exílio de Alicante, uma equipe de crise em Nova York tinha sido formada. O Santuário do Instituto — onde todos os Membros do Submundo poderiam ir e vir com segurança — tinha se tornado seu quartel general.
Jace e Clary dormiam por algumas horas no andar de cima e desciam para encontrar Alec já trabalhando duro, rodeado por outros membros do Conclave: Isabelle e Simon, Maryse e Kadir. Luke e Jocelyn às vezes passavam por lá, e Bat, Maia e Lily estavam sempre por perto — assim como Magnus, quando conseguia alguém para cuidar das crianças.
Havia muito a ser feito. Um novo espaço precisava ser encontrado para substituir o Salão do Conselho para as reuniões. Um registro estava sendo feito dos Caçadores de Sombras que tinham ficado em Alicante e daqueles que agora formavam a Clave-Exilada. Muitos institutos tinham ficado sem liderança, e várias novas eleições precisavam ser realizadas, incluindo uma para Inquisidor (embora Alec achasse que Diego Rosales já fosse um favorito para o cargo). Simon ia ajudar Luke, Marisol e Beatriz a preparar a nova Academia e deixá-la pronta para os alunos.
O Basilias precisaria ser reconstruído em um novo local, mas como? Alicante sempre tinha sido deles: um lugar secreto onde podiam planejar, construir e viver. Os Caçadores de Sombras fora de Idris viviam nos lugares que mundanos haviam abandonado ou esquecido. Não criavam suas próprias salas de reuniões e hospitais. Não erguiam torres altas, ou pelo menos não o faziam há muitas gerações.
Mas esta geração, Jace suspeitava, seria única em muitos aspectos.
"Você está dormindo?" Alec, apoiado em um braço, olhou para Jace com curiosidade.
Jace olhou para seu parabatai. Às vezes era difícil para ele se lembrar que Alec era um adulto, ou que ele próprio era, para falar a verdade. Certamente Alec ainda era o garoto que ele conheceu quando desceu do barco em Nova York. Um Alec de doze anos, magro e nervoso, com cabelos escuros esvoaçantes. Jace quis protegê-lo e aprender com ele ao mesmo tempo. Ele gostou de Isabelle de primeira e depois passou a amá-la. Com Alec, tinha sido mais como uma chave se encaixando em uma fechadura, um clique de reconhecimento. Algo que sussurrava: aqui está alguém que você já conhece.
Jace nunca tinha pensado muito sobre reencarnação, embora Jem falasse disso o tempo todo. Mas ele às vezes se perguntava se conhecera Alec em outra vida.
"Não estou dormindo", disse ele. "Estou pensando."
"Ah", disse Alec. "Difícil, não é?" Ele sorriu.
"O casamento está deixando você irritante e pretensioso." disse Jace.
"Provavelmente," Alec disse tranquilamente, e se jogou na areia novamente. "Izzy e Simon noivos, eu e Magnus casados — quem diria que você seria o último?"
Jace estremeceu, só um pouco. A proposta dele para Clary, que ela recusou, era um segredo que ele guardou. Não porque foi humilhante ou porque machucou, embora tivesse doído. Mas porque Clary parecera quase selvagem de angústia quando o recusou. Ela ficou de joelhos e colocou a cabeça em seu colo e soluçou enquanto ele corria as mãos pelo cabelo dela em perplexidade, sem saber o que tinha acontecido, o que ele tinha feito de errado.
Nada, ela dissera a ele várias vezes. Ele não tinha feito nada de errado. Havia algo de errado nela, algo que ela temia e tinha pavor. Ela jurou que o amava. Pediu tempo.
Ele a amava demais para não lhe dar esse tempo. Ele confiava demais nela para não acreditar que ela só pediria algo assim se precisasse. Ele tentou colocar de lado seus pensamentos sobre o que significaria estar noivo, planejar um casamento como Simon e Izzy. Mas quando ele se sentara com Alec ao lado da cama de Magnus, e Alec temera que Magnus morresse sem entender o quanto Alec o amava, ele sentiu o mesmo medo frio. Ele e Clary estavam em perigo por causa da Clave. E se um deles morresse e essa situação mal resolvida ainda estivesse entre eles?
E então Clary contara a ele. Em sua barraca em Brocelind, segurando suas mãos, ela contara a ele sobre seu sonho, sua convicção de que morreria. Que ela não queria deixá-lo viúvo. Como ela percebeu eventualmente que a visão era de Thule, e se desculpara repetidamente por magoá-lo, e ele dissera a ela que só lamentava que tivesse carregado tanto peso sozinha. Eles tinham confortado um ao outro.
E pela manhã, quando eles se prepararam para a batalha, ele percebera: eles nunca realmente abordaram o assunto do que eles iriam fazer agora. Uma proposta de casamento era para ser uma coisa permanente? Ela expirava após um período de tempo, como um oferta de emprego? De uma coisa ele tinha certeza: eles ainda não estavam noivos.
Era tudo muito estranho.
"Tio Jace." disse Max, em um tom de desaprovação. Jace piscou, e percebeu que alguém — Magnus, ao que parecia — colocara Max em seu peito. Max estava olhando para ele e seu rosto se enrugou em uma carranca. "Tio Jace não está se mexendo."
"Tio Jace parece estar preocupado." disse Alec, pegando Max. Ele estava sentado agora, Max em seu colo. Magnus estava por perto, segurando Rafe e falando em voz baixa com Catarina.
"Tio Jace não está morto!" Anunciou Max com um sorriso e prontamente foi dormir no ombro de Alec.
"Está tudo bem?" Alec disse. Seu olhar era azul e direto.
Jace se sentou, tirando a areia de seu elaborado paletó de suggenes. Ele se perguntou se teria a chance de usá-lo novamente. Isabelle provavelmente pediria a Alec para ser seu suggenes e Simon pediria a Clary. Que pena; ele ficava bem em dourado e azul.
"Tenho que tomar algumas decisões." disse ele.
Alec acenou com a cabeça. "Eu estou sempre com você", disse ele. "Sempre vou te apoiar."
Jace sabia que isso era verdade.
"Lembra de quando estávamos em Edom?" Alec disse. "Você criou aquela estratégia para conseguirmos entrar no forte de Sebastian. Você sempre foi um estrategista." Ele ergueu o rosto para o vento que soprava do mar. "Eu preciso de sua estratégia agora. Para nos ajudar a reconstruir."
"Você sempre me terá, e tudo o que eu puder fazer para ajudá-lo," disse Jace. "Para onde fores."
Alec sorriu. Jace olhou para a praia. Clary estava conversando com Izzy. Ela tinha colocado flores em seus cabelos: azuis, violetas e amarelas em contraste com os fios vermelho-escuros. Ela estava usando um dos vestidos favoritos dele: verde, com decote em coração. Estava escuro, mas não importava: ele conhecia o formato do rosto dela tão bem quanto o próprio, conhecia o jeito que ela sorria.
E toda vez que ele olhava para ela, ainda se sentia do mesmo jeito que se sentira quando tinha dezesseis anos. Ainda parecia um soco no plexo solar, como se ele não tivesse fôlego suficiente em seu peito.
Alec seguiu o olhar de Jace, e seu sorriso se curvou no canto. "Clary," ele chamou. "Venha buscar o seu homem. Acho que ele está caindo no sono."
Jace fez um ruído em protesto, mas era tarde demais. Clary já estava vindo na direção deles em um redemoinho de saia de chiffon verde, seus olhos dançando. Ela estendeu a mão para ajudar Jace a se levantar. "Hora de dormir?" ela disse.
Ele olhou para ela. Ela parecia tão pequena, tão delicada. A pele dela era perolada, pontilhada de sardas como a de uma boneca. Mas ele sabia o quão forte ela realmente era. O aço que corria sob sua suavidade.
"Nunca estive mais acordado", disse ele, em voz baixa. Ele estava se lembrando de uma noite há muito tempo, uma estufa, uma flor que só florescia à meia-noite.
Ela enrubesceu. Ele sabia que ela estava se lembrando também. Ela olhou ao redor, mas ninguém estava olhando para eles. O silêncio de uma festa que terminava estava caindo sobre a praia.
Ela puxou sua mão. "Venha dar uma caminhada", disse ela.
Volte. Beije-me novamente. Agora a memória era mais sombria. Uma mansão desabando sobre si mesma, Jace se agarrando a Clary nas cinzas e poeira de sua ruína. Ele não sabia por que estava tão perdido em memórias esta noite, ele pensou, enquanto seguia Clary ao longo da linha da água, sua mão na dela. Talvez fosse apenas casamentos — eles deixavam as pessoas nostálgicas. Não que ele sentisse falta do tempo em que acreditara que ele e Clary nunca poderiam ficar juntos. Mas às vezes você para pra pensar em quanta coisa tem ficado para trás, sem que você percebesse.
Clary o conduziu para trás de uma duna de areia, bloqueando-os da praia. A grama rangia sob seus pés quando ele se aproximou dela. Sempre havia essa ansiedade quando se tratava de beijar Clary. Ela sempre olhava para ele com olhos tão arregalados, meio desejosos e meio travessos.
Ela colocou a mão no peito dele. "Ainda não." ela disse, e puxou sua estela.
"E agora a parte estranha e pervertida entra em ação", disse ele. "Eu devia ter esperado que este dia chegaria."
Ela fez uma careta para ele. "Aguente firme, cowboy", disse ela, e começou a desenhar no ar com movimentos rápidos e familiares. Um Portal cresceu, azul esverdeado e brilhante.
"É muito rude sair de fininho de um casamento." disse Jace, olhando para o Portal. O que estava acontecendo?
"Comprarei toalhas com monograma para Magnus e Alec", disse Clary, e pegou a mão de Jace e atravessou.
Clary raramente entrava na estufa, não porque ela não gostasse, mas porque era um lugar especial para ela. Este foi o lugar em que percebeu que amava Jace pela primeira vez. O lugar onde ela realmente sentiu magia — não apenas soubera que existia, mas a sentira de uma forma que parecera abrir o mundo para possibilidades incríveis.
Pouco mudara desde então. Enquanto eles passavam pelo Portal, o cheiro das flores noturnas adensava o ar. Quando ela viu a estufa pela primeira vez, pensara que não estava disposta em nenhum padrão particular. Agora ela percebeu que os caminhos sinuosos através da vegetação formavam a runa da Sorte.
Ela respirou fundo, esperando que a sorte estivesse do seu lado esta noite.
Jace estava olhando ao redor divertido enquanto os últimos brilhos do Portal desapareciam atrás dele. Tudo estava florescendo, uma profusão de flores de todo o mundo: hibisco rosa profundo, trompete de anjo branco, hortênsia azul, malmequeres laranjas e amarelos.
O próprio Jace estava todo dourado ao luar que entrava pelas janelas e seu paletó formal azul e dourado abraçava a forma de seu corpo. Clary estremeceu. Ele era tão lindo.
"Tenho certeza de que Magnus e Alec já têm uma peneira", disse ele.
"Uma faca de peixe?" Clary sugeriu. "Um martelo?"
"Você diz coisas tão sexy." Ele a deixou conduzi-lo pelo caminho entre as sempre-vivas, passando pelos bancos de granito. Em pouco tempo, eles encontraram o espaço aberto sob a árvore verde-prata onde a água brilhava em uma piscina de pedra.
Não havia mais ninguém ali agora, e ela ouviu Jace puxar a respiração rapidamente. A clareira tinha sido transformada. Clary tinha coberto o chão com cobertores brilhantes de seda coloridos: azul profundo, verde jade, ouro. Velas de luz enfeitiçada queimavam ao redor, transformando as janelas em folhas opacas de prata.
Havia uma garrafa de vinho gelada em um balde de prata perto das raízes da árvore. No centro de tudo isso estava um longo objeto retangular envolto em cetim dourado.
"Você fez isso?" Jace disse, atordoado. "Para mim?"
Clary cruzou as mãos à frente para evitar que tremessem. "Você gostou?"
Ele ergueu os olhos para ela, e ela viu a surpresa desprotegida neles. Isso era raro para Jace, derrubar todas as suas muralhas, mesmo na frente dela. De alguma forma, ela viu, o gesto dela o abalou. Podia ver o menino que ele tinha sido, aquele que erguera um escudo contra o mundo e todas as suas feridas. Aquele que não esperava amor, apenas uma mão levantada ou uma palavra afiada.
Chiffon farfalhou quando ela se ajoelhou. Depois de um momento, Jace caiu de joelhos, de frente para ela. Ainda havia areia em seus cabelos, da praia. Ela queria tirá-la, queria passar as costas da mão ao longo da bochecha dele, sentir a maciez áspera de sua pele.
Ela engoliu em seco e indicou o objeto retangular no chão entre eles. "Abra", disse ela.
Ele o colocou em seu colo e ela viu sua expressão mudar. Ela esperava que ele adivinhasse o que era. Ele era Jace Herondale. Sabia o peso e a sensação de ter uma espada na mão.
A seda caiu e ele ergueu a lâmina com um assobio baixo.
A lâmina era feita de aço martelado, o cabo de ouro e adamas. Gravado ao longo da lâmina havia um padrão de garças em vôo, e a cruz fora entalhada na forma de asas.
"É linda", disse ele. Não havia humor em sua voz, nenhum desvio. "Obrigado. Mas por que —?"
"Vire-a," ela sussurrou. Sua garganta estava seca. Ela desejou ter água. Abrir a garrafa de vinho neste momento não parecia uma boa ideia.
Ele girou, e palavras brilharam no lado oposto da lâmina.
Visne me em matrimonium ducere
Seus olhos se arregalaram enquanto ele lia a tradução. "Quer se casar comigo?" Ele olhou da lâmina para ela, seu rosto branco. "Você quer se — casar comigo?"
"Jem ajudou com a tradução," Clary disse. "Meu latim poderia ser melhor—"
Ele largou a espada com um tinido. As palavras continuaram brilhando como néon através da lâmina. "É isso que você quer dizer? Você está realmente perguntando?"
Ela tinha quase certeza de que estava rasgando a saia do vestido de ansiedade.
"Eu não esperava que você perguntasse de novo", disse ela. "Eu sei que você entende porque eu disse não quando precisei. Mas penso nisso o tempo todo. Eu gostaria de ter pensado em algo melhor, mais inteligente de fazer. Alguma maneira de explicar — "
"Que você pensou que ia morrer?" Sua voz estava áspera. "Isso me mataria. Eu teria enlouquecido tentando descobrir uma maneira de evitar."
"Eu nunca quis que você pensasse que eu não te amo", disse ela. "E mesmo que você não queira se casar comigo agora, você merecia que eu te pedisse. Porque eu sempre, sempre quis me casar com você, e essa é a verdade. Eu te amo, Jace Herondale. Eu te amo e eu preciso de você como luz e ar, como meu giz e minha tinta, como coisas lindas no mundo. Naquela prisão cheia de espinhos sob a Torre Unseelie, eu estava bem porque você estava lá comigo." A voz dela tremeu.
Ela o ouviu exalar. "Clary…"
Um verdadeiro lampejo de medo passou por ela. Que ele dissesse não. Que ela tinha, em seu medo e desejo de protegê-lo, destruído tudo. O pensamento de uma vida sem ele ao seu lado, surgiu como uma possibilidade real e repentina. Era como olhar para um poço de solidão tão profundo que não tinha fundo. Ele colocou a espada no chão e se levantou. Houve um som suave em torno deles, o que Clary percebeu ser chuva, desenrolando como um fio de prata pelas janelas altas. Acariciou a clarabóia acima, como se eles estivessem na alcova seca de uma cachoeira.
Ele estendeu a mão. Clary deixou Jace levantá-la; seu coração estava batendo forte.
"É apropriado que você me dê uma espada", disse ele.
"Algo que o proteja", disse ela. "Algo que você possa carregar sempre —"
"Como carrego meu amor por você," ele disse calmamente.
Ela soltou um suspiro trêmulo. "Então você me perdoa —?"
Ele enfiou a mão no bolso interno de seu paletó repleto de runas e tirou uma pequena caixa de madeira. Ele a entregou a ela silenciosamente. Ela não conseguia ler sua expressão enquanto ela a abria.
Dentro havia duas alianças de adamas. Eles brilhavam, branco-prata, na luz difusa da cidade chuvosa. Cada um trazia uma legenda gravada: L’amor che move il sole e l’altre stelle.
O amor que move o sol e as outras estrelas.
"Eu ia te perguntar de novo, esta noite," ele disse. "Pensei muito nisso. Eu não queria pressioná-la. Mas decidi confiar no que você disse — que você só disse não por causa de sua visão." Ele tirou as alianças da caixa e as segurou brilhando na palma da mão. "Desde que te conheci, Clary, você tem sido a lâmina em minha mão, mesmo quando eu não carregava armas. Eu sempre podia lutar contra qualquer demônio, exceto o meu. Você foi minha espada e escudo contra cada momento em que me sentia inútil, contra cada momento em que me odiava, contra cada vez que pensei que não era bom o suficiente."
Ele deslizou um dos anéis em seu próprio dedo e estendeu o outro para ela. Ela balançou a cabeça, sentindo os olhos arderem de lágrimas, e estendeu a mão: ele colocou a aliança de adamas em seu dedo anelar.
"Quero me casar com você", disse ele. "Você quer se casar comigo?"
"Sim", ela disse em meio às lágrimas, "eu deveria estar perguntando a você. Você sempre chega primeiro, você —"
"Nem sempre," ele disse com um lampejo de seu velho sorriso, e a tomou em seus braços. Ela podia sentir seu coração batendo descontroladamente. "Eu amei a espada," ele disse, passando seus lábios contra seu cabelo, sua bochecha. "Podemos pendurá-la sobre a lareira. Podemos dá-la aos nossos filhos."
"Filhos? Achei que teríamos um…"
"Seis", disse ele. "Oito, talvez. Tenho pensado nos Blackthorn. Gosto de uma família grande."
"Espero que goste de uma minivan."
"Não sei o que é isso", disse ele, beijando seu pescoço, "mas se você estiver nela, vou gostar."
Ela riu, sentindo-se tonta — um momento atrás ela estava enfrentando o horror sombrio de um futuro sem Jace. Agora eles estavam noivos. Eles estavam juntos, ligados. Vinculados um ao outro, como Jia havia dito.
"Me beije", disse ela. "Sério, realmente, me beije."
Seus olhos ficaram escuros — o tipo bom de escuridão, o olhar ardente, carinhoso, que ainda fazia seu interior tremer. Ele a puxou para mais perto, e a sensação familiar do corpo dele alinhado contra o seu estremeceu por ela. Ela enroscou os braços em volta do pescoço dele enquanto ele a levantava com a mesma facilidade com que levantaria uma espada.
Suas mãos eram gentis, mas o beijo não. Ele selou sua boca sobre a dela e ela deu um pequeno suspiro de surpresa: havia calor no beijo, quase desespero. Ele a puxou com mais força contra si — suas mãos deslizaram pelas costas dela, os dedos se enredando nas alças finas de seu vestido enquanto ela inclinava a cabeça e o beijava de volta.
À distância, ela pensou ter ouvido um relógio badalar e, por um momento, ela era uma garota de dezesseis anos novamente experimentando seu primeiro beijo. A corrida impetuosa, a sensação de girar e cair. Ela agarrou os ombros de Jace e ele gemeu suavemente em sua boca. As mãos dele traçaram suas curvas leves, do alargamento de seus quadris ao C invertido de sua cintura. As palmas das mãos dela deslizaram para baixo em seu peito. Ela se deleitou com a sensação dele, todos os músculos rígidos e a pele macia.
Ele recuou. "É melhor pararmos", disse ele asperamente. "Ou as coisas vão ficar um pouco selvagens para a estufa."
Ela sorriu para ele e tirou um sapato, depois o outro. Ela estendeu a mão para abrir o zíper do vestido. "Eu não me importo", disse ela. "E você?"
Ele riu, cheio de felicidade e alegria, e a ergueu do chão novamente, beijando-a e beijando-a enquanto eles afundavam juntos na pilha de seda e cetim que ela havia estendido no dia anterior. Ele rolou de costas, puxando-a para cima dele, sorrindo para ela enquanto enfiava os dedos em seus cabelos.
"Você me ensinou que é preciso mais bravura para amar completamente do que para caminhar desarmado para uma batalha", disse ele. "Amar você e ser amado por você é uma honra, Clary."
Ela sorriu para ele. "E o que eu ganho em troca da honra?"
"Minha inteligência brilhante", disse ele, começando a abrir o zíper dela. "Meu charmosa companhia. Minha aparência. E… " Ele olhou para ela, repentinamente sério. "Meu coração, por todos os dias da minha vida."
Ela se curvou para roçar os lábios nos dele. "E você tem o meu." ela disse, e ele passou os braços ao redor dela enquanto o relógio do Instituto soava e a flor da meia-noite desenrolava suas pétalas de ouro branco, despercebida.
Prólogo deletado[]
- fonte: Boletim de notícias da Cassie de 2017 via TMI Source
- Um prólogo inteiro foi cortado de Rainha do Ar e da Escuridão. Cassie pretende eventualmente compartilhar o prólogo no Tumblr.[2] Abaixo está uma parte que foi compartilhada anteriormente como um trecho.
O medo se espalhou para cima e para baixo nos braços de Emma como arrepios. Desde que tinha doze anos, ela era aterrorizada com o oceano: sempre acreditou que seus pais haviam morrido nele, arrastados abaixo da superfície por Raziel sabia o que, sufocados até a morte com água do mar amarga. O surto e o colapso das ondas, o imaginado veludo negro das profundezas do oceano, encheram seus pesadelos.
Mesmo quando ela descobriu que seus pais haviam sido assassinados em terra firme por Malcolm Fade, seus corpos jogados no mar após a morte, o medo permaneceu. Ela alcançou isto agora, congratulou-se com isto. Ela podia sentir isto enchendo os espaços vazios, os buracos deixados pela tristeza.
Ela olhou de volta para o mar. O redemoinho ondulante lá embaixo, as ondas batendo como paredes azuis escuras contra agulhas de pedra, parecia uma pintura de um redemoinho, uma fotografia de uma paisagem infernal tirada de uma distância segura.
O vento gritou nos ouvidos de Emma como um aviso. Outra onda se arremessou contra os penhascos, lançando uma explosão de spray. Emma sorriu de forma sombria para o vento e sal, e pulou.
Cena Blackstairs deletada[]
- fontes: IdrisBR; Cassandra Clare no Tumblr
- Uma cena que se passa aproximadamente na página 30. Nos primeiros rascunhos, Julian e Emma dormiam juntos em sua dor crua por Livvy. Isso foi alterado para eles e interrompido nos rascunhos finais.
...Julian tinha deixado o resto de suas roupas em uma pilha no chão. Ele estava parado no chuveiro usando apenas suas roupas intimas, deixando a água cair em seu rosto, seu cabelo.
Engolindo em seco, Emma ficou de calcinha e camisola e entrou logo atrás dele. A água estava escaldante, enchendo o lugar pequeno de vapor. Ele continuou parado embaixo da água, deixando ela marcar a pele pálida dele com o vermelho de leves queimaduras.
Emma alcançou a torneira com os braços em torno dele e diminuiu a temperatura. Ele a observou, sem falar nada, enquanto ela pegava a barra de sabonete entre as mãos dela. Quando ela colocou as mãos com espuma no corpo dele, ele respirou fundo como se estivesse doendo, mas não se moveu nenhum centímetro.
Ela esfregou a pele dele, quase passando as unhas na pele enquanto ela limpava o sangue. A água começou a cair rosada no ralo. O sabonete tinha um cheiro forte de limão. O corpo dele estava duro no toque dela, marcado e musculoso, não era o corpo de um garotinho. Não mais. Quando ele mudou? Ela não conseguia lembrar o dia, a hora, o momento.
Ele inclinou a cabeça enquanto ela espalhou espuma no cabelo dele, enfiando os dedos entre os cachos. Quando ela terminou, ela inclinou a cabeça dele, deixando a água cair por ali até ficar completamente limpo. Ela estava completamente molhada, as roupas grudando em sua pele. Ela alcançou em torno de Julian para desligar a água e sentiu ele virando a cabeça na direção do pescoço dela, os lábios dele tocando na bochecha dela.
Ela congelou. A fumaça ainda estava em torno deles. O peito de Julian estava subindo e descendo rápido, como se ele estivesse próximo de desabar depois de uma corrida. Soluços secos, ela notou. Ele não chorava — ela não conseguia lembrar da ultima vez que o viu chorar. Ele precisava derramar algumas lágrimas, ela pensou, mas ele tinha esquecido o mecanismo de chorar depois de tanto tempo se controlando.
Ela o abraçou. "Está tudo bem", ela disse. A água caiu sobre eles e sua pele estava quente contra a dela. Ela engoliu o sal de suas próprias lágrimas. "Julian –"
Ele recuou quando ela levantou a cabeça e seus lábios roçaram – e foi instantâneo, desesperado, mais como uma queda na beira de um penhasco do que qualquer outra coisa. A boca de Julian estava quente acima da dela, seus lábios se inclinando contra os de Emma, com ela estremecendo através do contato. "Emma, meu Deus, Emma", ele gemeu contra sua boca, parecendo quase atordoado. As mãos dele agarrando o material encharcado da camisola dela. "Eu posso –?"
Ela consentiu, sentindo os músculos dos braços dele se contraírem. Ele a abraçou entre seus braços. Ela fechou os olhos, o agarrando, os ombros, os cabelos, as mãos escorregadias de sabão enquanto ele a carregava para o quarto, tombando em cima dela na cama. Um segundo depois, ele estava acima dela, apoiado nos cotovelos, a boca devorando a dela febrilmente.
Gestos frenéticos os livram de suas roupas. Ela e Julian estavam pele a pele agora: ela o estava segurando contra seu corpo, seu coração. Ele estava quente e duro, pressionado contra a coxa dela. A mão dele deslizou para baixo, dedos trêmulos dançando em seus seios, acariciando sua pele, se movendo para o osso do quadril. "Deixe-me –"
Ela sabia o que ele queria dizer: me deixe te agradar, me deixe fazer você se sentir bem primeiro. Mas não era isso que ela queria, agora não. Ela inclinou os quadris para cima. "Chegue mais perto", ela sussurrou. "Mais próximo –"
Ele deu um gemido sem esperança, incapaz de esperar mais do que ela. Ele deslizou dentro dela, incendiando todos os nervos do corpo dela. Ambos ofegaram. Ele se afastou e empurrou para dentro dela novamente, engolindo os gemidos dela com seus beijos. As mãos dele agarraram seus quadris; todo movimento era feroz, frenético e Emma sabia: essas eram as lágrimas que ele não podia chorar, as palavras de pesar que ele não conseguia falar. Esse era o alívio que ele só podia se permitir assim, na aniquilação do desejo compartilhado.
O prazer crescia dentro dela, afiado como dor, fora de controle. Cada movimento a levava cada vez mais perto do ápice; as mãos dela deslizaram pelas costas de Julian, a pele escorregadia de suor. Ele também estava se aproximando do ápice, ela sabia, mas se recusava a chegar; seus dedos cravaram nos lençóis de cada lado dela, os nós dos dedos brancos com esforço: ele estava se segurando com força, determinado a levá-los mais e mais fundo no esquecimento.
As pernas dela se enrolaram na cintura dele; ela viu os cílios dele tremerem de prazer, o olhar profundo do arrebatamento doloroso em seu rosto. Ele jogou a cabeça para trás quando ela arqueou o corpo contra ele, sua respiração ofegante, e Emma sabia que sua própria perda de controle estava alimentando a dele. Fique comigo, Jules, ela sussurrou, e se deixou ir.
Ela sentiu sua runa parabatai brilhar contra a pele como uma marca, e enfiou a mão na boca bem a tempo de reprimir o grito enquanto tudo implodia, o prazer queimando através dela como uma luz branca ofuscante.
Os olhos dele se arregalaram. Seu corpo se moveu contra o dela, seu controle se despedaçando em um milhão de pedaços. Ele ofegou o nome dela quando se desfez, estremecendo contra ela. Emma pensou que poderia desmaiar: ela segurou Julian como se fosse se afogar; ela não conseguia mais pensar, apenas sentir.
Ela ficou naquele espaço suspenso pelo que pareceu mil anos e uma fração de segundo, tudo ao mesmo tempo. Quando o mundo voltou a ter sentido, Julian rolou os dois de lado, tirando o peso do corpo dela. Na escuridão, seus olhos brilhavam como vidro. "Eu não posso te perder", ele disse. Pela primeira vez desde a reunião do Conselho, a terrível tensão desapareceu de sua voz: ele parecia novamente com Julian. "Eu não posso te perder, Emma. Eu não posso. Eu não vou."
Ela não conseguiu encontrar palavras. Ela o puxou para perto, beijou sua testa e murmurou sons sem sentido de conforto contra sua pele no escuro.
Não identificado, deletado[]
Cristina cuidou de Emma, sua mão indo para o pingente em sua própria garganta. Era prata, na forma de um círculo com uma rosa dentro dela. A rosa estava enrolada com roseiras-bravas espinhosas. Palavras foram escritas em latim no verso: ela não precisava olhar para elas para conhecê-las. Ela as conhecia toda a sua vida. Abençoado seja o Anjo, minha força, que guia minhas mãos na guerra e meus dedos na luta. A rosa para Rosales, as palavras para Raziel, o Anjo que criara os Caçadores de Sombras há mil anos. Cristina sempre pensou que Emma lutava por seu parabatai e por vingança, enquanto ela lutava por família e fé. Mas talvez fosse tudo a mesma coisa: talvez fosse tudo amor, no final.
"Livvy saberia," disse Ty. "Ela saberá se eu não estiver aqui."
"Estou acostumada a pessoas se escondendo e mentindo sobre suas emoções," disse Cristina, "mas você não."
Eu morri por dentro. Mas eu te amei tanto que não pude ficar morto. Meu coração bateu porque o seu bateu. Eu respirei porque você respirou. E através de mil estrelas e através de um milhão de mundos, encontrei meu caminho de volta para você.